08/10/2017

Assistente social explica desafios de Engenheiro Coelho

Karla Kadow Tanaka trabalha no município há 10 anos e explica como a Assistência Social é feita no município

Nathália Lima 

Trabalhar com problemas sociais é uma tarefa bastante difícil, principalmente quando os assuntos dizem respeito à violência, abuso e deficiência. No entanto, existem pessoas que dedicam tempo (alguns a vida toda) para trabalhar em prol de servir como um “solucionador de problemas”. Uma das profissões que se encaixa nesse perfil é a Assistência Social.

Karla Kadow Tanaka, profissional social que atua há mais de 9 anos em Engenheiro Coelho, realiza diariamente o árduo trabalho de cuidar de pessoas. Dividida entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e assistência social do município, Karla explica quais são as principais funções desta profissão que demanda conhecimento específico, empatia e muito diálogo.

Formada em Serviço Social desde 2004 e pós-graduada de Gestão Pública, a assistente social conta, em entrevista exclusiva ao Portal Coelhense, quais foram e ainda são os principais desafios da  profissão.

Como começou a sua história com o município de Engenheiro Coelho? Eu conheci o município de Engenheiro Coelho através de uma amiga muito querida que é psicóloga. Ela trabalhava aqui e me falou sobre uma vaga para assistente social que estava aberta na Apae do município. Como morava em Cosmópolis (SP), que fica perto daqui, resolvi fazer o processo seletivo e, após algumas fases, fui escolhida para integrar a equipe. Estou trabalhando aqui há 9 anos. Depois de algum tempo, eu fui chamada também para trabalhar na prefeitura como assistente social, onde atuei por um tempo como gestora da pasta.

Para você, como foi a experiência de gerir a Assistência Social do município? Ah, eu aprendi muito. No início, a gente “apanha” bastante, não tem experiência nem conhecimento de todas as responsabilidades que nos são impostas, e isso assusta um pouco. É uma responsabilidade bastante grande. Quanto à garantia de direitos, todas as pessoas que moram em Engenheiro Coelho são responsabilidade nossa. Durante os três anos que fiquei à frente da pasta, consegui entender meu papel como líder e como assistente social.

Quais são suas principais funções como assistente social coelhense? Na área da Apae, por exemplo, eu trabalho com a família dos abraçados pelo projeto os direitos que eles têm perante a sociedade. Outro assunto muito importante que desenvolvemos é a orientação da família quanto ao quadro apresentado por essa pessoa deficiente. Nós oferecemos informações e acalmamos os pais e responsáveis, desenvolvendo um trabalho completo com todos os profissionais trabalham aqui.

Inclusão social nas escolas: qual é o papel da Ação Social? Uma das frentes que eu e meus colegas dessa área desenvolvemos no município, juntamente com a Secretaria de Educação, é o processo de inclusão dos alunos da Apae nas salas de aula da rede. A educação como um todo avançou muito. Alguns anos atrás, a situação era bem diferente, existia muito preconceito.


“‘Eu considero o trabalho da Apae muito mágico porque só vejo avanço e vitórias na vida das pessoas com quem trabalho”, explica Karla.


Depois de 9 anos trabalhando na Apae, o que mais te encanta? Eu considero o trabalho da Apae muito mágico porque só vejo avanço e vitórias na vida das pessoas com quem trabalho. Muitas pessoas podem dizer que aqui só temos pessoas que têm problemas, e que as conquistas delas não são tão grandes assim. Mas na associação, a gente encontra as crianças mais comprometidas, mais dedicadas. Você pode pensar “ah, mas ela só levantou o braço”, mas isso é uma conquista gigantesca pra ela e também para a família dela. Todos os dias, nós vemos conquistas grandiosas nessas crianças. Tivemos alunos que, inclusive, saíram da Apae porque não precisavam mais dos tratamentos. Alguns deles conseguiram vagas de emprego em empresas da região.

Quais são os principais problemas apresentados aqui em Engenheiro Coelho? No município, a principal fonte de renda é rural. Este é um problema que se reflete nas famílias que dependem dos trabalhos na lavoura. Outro deles é o fato de termos muitas pessoas vindas de outros estados. A maior incidência é de mineiros e paraibanos. No período entre as safras, muitos deles ficam sem emprego e, por vezes, não têm dinheiro para voltar às cidades de origem. O município se prepara para atender um número específico de pessoas. Com a chegada de novos moradores, por vezes, o atendimento básico fica comprometido, visto que o número de gente pode sobrecarregar o sistema. Esse é um problema bastante recorrente que coloca as pessoas em vulnerabilidade social.

A vida na Assistência Social após a maternidade: Antes de ser mãe, eu era uma assistente social. Após ser mãe, eu certeza meu tornei uma outra profissional muito melhor. Parece que, quando tive meu filho, eu compreendi de maneira prática, a responsabilidade que é criar alguém do zero. A empatia em relação aos problemas dos outros, as situações de risco pelas quais as pessoas passam, tudo fica bem mais intenso. Aprendi a aceitar ainda mais a realidade dos outros e a trabalhar com mais empatia.

A sua experiência dentro da Assistência Social desenvolveu em você um “sexto sentido” quanto ao diagnóstico de pessoas com problemas? Com certeza. Nós, que lidamos diariamente com diversas pessoas e histórias conseguimos identificar, de maneira mais rápida, alguns problemas que aparecem superficialmente. Aqui no CRAS, por exemplo, vem muita gente. Às vezes, da maneira como a pessoa nos trata, seja com aspereza ou fragilidade, nós já desconfiamos de que há algo mais profundo. A experiência na profissão nos oferece um olhar mais clínico quanto aos problemas dos outros. Por isso que eu repito sobre a importância da empatia, de entender o outro de maneira aplicada, de não fazer juízos de valor, mas aceitar e ajudar com as ferramentas que temos.

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