15/04/2018

Faculdade de Engenheiro Coelho tem 160 estudantes estrangeiros

Alunos vêm de diversas partes do planeta

Michael Harteman

A personalidade de uma pessoa está intimamente ligada ao ambiente que ela vive. A criação, os costumes, hábitos, valores e visão de mundo, cerca cada indivíduo. Tudo isso cria e molda uma maneira de pensar, de agir e de se comportar. Somos, em partes, frutos de tudo aquilo que nos rodeia. Mas, e se repentinamente, tudo isso fosse substituído? Pessoas, vozes, lugares, idioma, clima, alimentação. Tudo, absolutamente tudo, substituído. Essa é a experiência de 160 estudantes do ensino superior do Centro Universitário Adventista do Estado de São Paulo (Unasp) campus Engenheiro Coelho. Cada um com sua história, contribuição, medos e anseios. Todos são transformados. Todos transformam.

Fernando Pinas Nhani é angolano e faz parte desse grupo de estudantes. Sorridente, ele conta que ficou sabendo sobre a faculdade num anúncio da TV. “Estava assistindo a TV Novo Tempo, vi sobre os cursos que tinham aqui e fiquei interessado”, exclama o jovem. Até então, estudar no Brasil nunca fez parte dos planos de Fernando, que já tinha uma carreira profissional em seu país. “Eu trabalhava em uma empresa renomada e já estudava engenharia civil lá”, conta o estudante. No entanto, a propaganda na TV fez com que brotasse em Fernando o desejo de mudar de país. “Entrei em contato com a instituição e pedi todas as informações que eu precisava para conseguir meu visto de estudante”, comenta.

Prestes a se formar, Fernando não pensa em voltar para Angola agora. “Minha expectativa é que eu continue aqui no Brasil para fazer uma pós-graduação, e só depois disso, voltar para Angola para ajudar no crescimento do País”, afirma o estudante. Perguntado as experiências vividas no Brasil, Fernando responde rapidamente. “Aprendi muito, encontrei pessoas do meu país, foi uma luta para chega até aqui, mas o Unasp me proporcionou coisas novas, pude viver com pessoas que te influenciam para o caminho do bem”, comenta Fernando.

Ramage Meher veio do Egito e está no último ano do curso de tradutor e interprete. Ela conta que vir para o Brasil foi algo que trouxe muito aprendizado. “Só o fato de você sair do seu País, isso já é uma grande experiência, pois você sai da sua zona de conforto. Quando você sai você também começa a perceber quem você realmente é”, conta Ramage. A estudante explica que são enormes as diferenças entre os dois países. “Pelo fato do Egito ser um País muçulmano, nós crescemos odiando os judeus, quando cheguei aqui, conheci judeus e tinha medo deles”, relembra Ramage. No entanto, ela começou a questionar os motivos de tanto ódio em seu coração. “Eu nem sabia os motivos, o fato era que crescíamos odiando judeus, quando cheguei aqui percebi que isso era apenas um preconceito, quando estamos inseridos em uma determinada cultura não percebemos o como somos influenciados por ela”, afirma Ramage.

Fernando Domingos Cossa é de Moçambique e está no segundo ano de teologia. A primeira visita ao Brasil aconteceu em novembro de 2016, quando veio para fazer o vestibular. Em seguida, voltou para casa. “Voltei para avisar no meu emprego que eu sairia, trabalhava para uns americanos”, explica. Prestes a chegar no meio do curso, Fernando afirma que não sabe o que fará quando se formar. “Ainda tenho dúvidas, se abrir psicologia aqui eu poderia ficar, ou quem sabe, continuar estudando algo voltado para teologia, vamos ver”, afirma o jovem. Fernando não vê a família desde que chegou ao Brasil. “Me lembro que quando comuniquei eles que viria estudar aqui, meu irmão mais novo foi para o quarto chorar, sinto saudades, talvez eu os veja novamente no meio desse ano”, explica Fernando.

No segundo ano do curso de Arquitetura e Urbanismo, a sorridente e alegre Elina Petsini, da Grécia, afirma que as culturas entre os países são muito diferentes. “Num jantar aqui me serviram uma comida e disseram que era comida grega, mas aquilo não tinha nada de comida grega”, exclama, aos risos, a estudante. Elina afirma que, após terminar o curso, pretende usar seus conhecimentos em qualquer lugar do planeta. “Gosto de conhecer novos países e culturas, quero ir para onde precisarem de mim”, afirma.

Kendra Joy Nystrom veio dos Estados Unidos. Com apenas 17 anos, ela veio para fazer o curso de português para estrangeiros, oferecido pelo Unasp. “Eu tinha muitas amigas brasileiras, e uma delas voltou para o Brasil, eu tinha muita saudade dela e surgiu a oportunidade de vir pra cá”, explica Kendra. O que mais chama a atenção dela em nosso país? Ela mesmo responde. “Vocês comem arroz e feijão todos os dias isso é muito estranho para mim”, explica Kendra, pausadamente. A jovem irá voltar para os Estados Unidos após terminar o curso. “Eu preciso terminar o ensino médio nos Estados Unidos”, explica.

Debora Tambunam veio da Indonésia. Jamais havia pensado em estudar no Brasil. “Eu trabalhava numa escola adventista, sempre gostei de música, um grupo do Brasil foi na minha cidade e eu pude cantar com eles, em seguida, eles me falaram sobre o Unasp”, relembra a jovem. Com o desejo de estudar música, Debora entrou no site da instituição e viu o interesse em vir para o Brasil despertado. “O curso de música lá é muito caro, e eu ganhei uma bolsa para vir estudar aqui, passado algum tempo eu consegui convencer minha mãe e vim para cá”, afirma Debora.

Dominar o idioma é algo necessário para quem faz o curso de jornalismo. Evelina Abdyl, da Albânia, sabe bem disso. “Quando cheguei não sabia falar português, fiz o curso aqui e fui aprendendo”, exclama Evelina. A estudante relembra que não foi fácil fazer os primeiros textos pedidos pelos professores. “Uma vez eu tinha que fazer uma reportagem que não era muito longa, mas passei a noite toda escrevendo”, conta Evelina. No terceiro ano de jornalismo, a estudante afirma que, após a formatura, pretende voltar para o seu país. “Tenho alguns projetos lá que gostaria de poder ajudar, gostei muito do curso de jornalismo e quero ser útil quando eu voltar”, explica a jovem.

O número de estudantes estrangeiros promove uma diversidade cultural em Engenheiro Coelho. Cada um contribui com o que tem, deixando conhecimento e levando embora um pouco do Brasil.

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