25/09/2017

Moradores de Engenheiro Coelho vendem trufas para pagar estudos

Conheça a história de três estudantes que sobrevivem da venda de doces

Nathália Lima

Uma prática comum dentre os estudantes de Engenheiro Coelho é a da migração. Muitos jovens vêm de outros estados, empolgados com a possibilidade de estudar e adquirir um diploma, uma formação superior completa. No entanto, nem todos têm a facilidade de não precisar trabalhar para pagar os estudos. Bem pelo contrário, vários deles precisam arranjar formas de se sustentar e sobreviver há muitos quilômetros de casa.

Essa é a história de Dane Lopes, Bruna Farias, Joyce Cardoso e tantos outros meninos e meninas que fazem de tudo para pagar as contas – inclusive a faculdade – em dia.

Vendendo trufas desde o início da faculdade, Joyce diz que este trabalho já lhe salvou de várias dívidas. Formanda da primeira turma de Arquitetura do Unasp-EC, a aluna trabalha semanalmente para se manter. “Até agora não fiquei desamparada nenhuma vez”, comenta Joyce, que acredita na prática como um bom meio de organizar o tempo entre estudo e ganha-pão. 

“Apesar de pagar as contas, este trabalho também tem alguns pontos negativos. Andar horas sem vender nada, vender pouco sabendo que o dia 10 está chegando, ouvir um ‘vai trabalhar’ no meio de um dia ruim são algumas delas”, lamenta Joyce. “No entanto, até agora, tenho conseguido pagar todas as minhas conta, algumas um pouco atrasadas, mas todas pagas”, explica.

Trufas, casamento e sonhos

A história de Bruna Farias com as trufas a fez subir o altar. A goiana pagou parte do casamento, a faculdade de Jornalismo, o aluguel, e muitas outras contas com a venda das pequenas trufas de chocolate. “Essa foi a maneira que eu encontrei de alcançar meus objetivos, e consegui. O lado bom é que dá para se organizar em relação ao tempo para ir vender e o tempo de estudo”, explica Bruna. “Eu conheci esse trabalho através de alguns amigos que já faziam isso. De 2011 para cá, paguei parte do meu casamento, pago contas diversas, faculdade, TCC, enfim, tudo com a venda das trufas”, relata a estudante.

Outra história de superação que envolve a venda de doces é a da mineira Dane Lopes, natural de Pouso Alegre (MG), conta que começou a trabalhar com vendas no início da faculdade. Estudante do 2º ano de Jornalismo, Dane paga absolutamente todas as contas com o dinheiro que recebe pelas vendas. Começando pela venda de trufas de chocolate, hoje a mineira trabalha vendendo doces caseiros como beijinho, brigadeiro. “Na verdade, não é eu que vendo, é Deus, pois eu pago tudo alimentação, aluguel, faculdade, tudo com os doces que eu mesma faço”, explica a estudante.

E como nessa vida nem tudo são flores, Dane conta a respeito de problemas que passa durante as vendas. “Uma das maiores dificuldade que eu tenho é o sol. Como sou muito branca, preciso estar sempre passando protetor solar, usando blusa de manga comprida”, explica a estudante. “Outra dificuldade que tenho é relacionada com a distância que preciso percorrer para comprar os materiais necessários da produção dos doces”, acrescenta.

Nas três histórias relatadas nessa reportagem, uma característica se repete: a perseverança. Para todas as três meninas, o trabalho, os problemas e as dificuldades nunca foram suficientes para fazê-las desistir. Apesar do sol quente, da falta de educação alheia e das contas à vencer, tudo vale à pena no final.

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