14/04/2018

44% da população de Engenheiro Coelho não paga conta de água

Inadimplência dos moradores ultrapassa valor de R$ 800 mil reais

Leonardo Saimon

Quase metade da população de Engenheiro Coelho não paga a conta de água. Dados divulgados pelo Serviço de Água e Esgoto (SAEEC) revelam que 44,1% dos moradores estão em débito com a autarquia. Segundo a autarquia, com um valor maior de arrecadação, muitas melhorias poderiam ser implantadas no setor, no entanto, a inadimplência dificulta e em alguns casos até inviabiliza a maior efetividade nos serviços prestados. Erismar Bastos, procurador jurídico do Saeec, garante que “pagar em dia tem reflexo e grande na qualidade da prestação do serviço”.

Além dos 44,1% dos moradores que não pagam a conta de água, apenas 30% daqueles que pagam efetuam o pagamento até a data do vencimento. Em reais, esse número equivale a R$ 78 mil. “Só depois de trinta dias é que mais 20% dessa população pagante vai quitar o valor da conta de água”, completa Bastos.

Entre os dias primeiro de janeiro e dezesseis de março, os débitos somavam R$ 300 mil e, se considerar as dividas ativas, este valor salta para R$ 862 mil. “Imagine o que poderia ser feito de investimentos com esse dinheiro”, comenta o procurador.

É muito provável que o fornecimento de água seja interrompido com maior frequência para os inadimplentes. Por lei, o Saeec pode cortar a água de qualquer morador quando o boleto em aberto completa 30 dias. Contudo, a autarquia tem adotado uma postura mais branda. “Estamos esperando a pessoa ficar com três contas em aberto para realizar o corte. Nós estamos dando um prazo maior” enfatiza Bastos.

O custo da qualidade

A Estação de Tratamento de Água (ETA) consome atualmente cerca de R$ 25 mil com energia elétrica mensalmente para bombear a água que abastece a cidade. Bombas que funcionam 24 horas por dia. Isso sem levar em conta o consumo de energia na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e os demais poços artesianos. Além da energia elétrica, são necessários insumos para tratar a água que oneram a autarquia em cerca de R$ 250 mil reais por ano. “Se eu não pagar, as bombas não funcionam. Aí eu deixo de tratar água no município. É uma relação lógica, simples e direta”, afirma Bastos.

O procurador jurídico garante que a tarifa de água em Engenheiro Coelho é a mais baixa da região. Na cidade, paga-se cerca de R$ 12,16 a cada 5 mil litros de água consumidos e não é cobrado a taxa de esgoto, embora na conta de água venha discriminado que 40% do valor arrecadado seja para custear as despesas com a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Antes de ser despejado no manancial, a água que sai dessa estação é tratada e gera um custo, como o de energia elétrica, por exemplo. “Tratamos 100% do nosso esgoto e não cobramos isso. Estamos decompondo o valor, mas não cobramos a mais”, atesta.

“Apesar de termos à nossa disposição uma grande quantidade desse recurso precioso e fundamental à vida que é a água, é necessário muitos investimentos para que ela possa chegar até o lar de cada munícipe”, reforça Bastos. Esse valor, segundo ele, poderia ser aplicado em construção e/ou reforma de reservatórios, perfuração de novos poços e manutenção dos existentes, ampliação das adutoras existentes e a instalação de novas redes, aquisição de bombas, motores, máquinas e equipamentos, que possibilitem a manutenção e o aumento do fornecimento de água tratada.

“Todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade, seja usando a água de forma consciente, seja efetuando os pagamentos em dia. Fato é que não podemos ficar esperando de braços cruzados a escassez de água bater a nossa porta. O Serviço de Água e Esgoto conta com a colaboração de todos para que possamos dar continuidade a um trabalho que visa fornecer água em quantidade e qualidade para toda a população”, finaliza.

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