24/06/2018

Após 40 anos, moradora de Engenheiro Coelho decide voltar a estudar

Maria Aparecida, de 57 anos, já pensa em cursar ensino técnico

Michael Harteman

Quase noventa moradores devem prestar o Vestibulinho da Etec neste domingo (24). Todos buscando ampliar seus horizontes da maneira mais sensata: adquirindo novos conhecimentos. Dentre esses, é preciso destacar uma pessoa, Maria Aparecida Alves de Oliveira Soares, que voltou a estudar após 40 anos e não se cabe de alegria com os novos conhecimentos adquiridos nos últimos anos.

Maria tem 57 anos, nasceu em Iracemápolis (SP), mas veio para Engenheiro Coelho ainda pequena. “Passei a infância aqui, vi a cidade crescer”, comenta. Na época da infância dela, a única possibilidade de estudar na cidade estava na Escola Antônio Alves Cavalheiro, que oferecia para as crianças o ensino primário. “Fazíamos de primeira à quarta série ali, depois não tinha mais opção, era muito difícil continuar estudando e a gente já começava a trabalhar, eu comecei com 11 anos”, relembra.

Maria é muito conhecida em Engenheiro Coelho. Já trabalhou em diversos setores na cidade. Sempre lutou para conquistar seus objetivos, nada veio de graça. “Fiz de tudo um pouco, trabalhei como doméstica, em supermercado, telefonista, enfim, enfrentei de tudo”, exclama. Além de trabalhadora, Maria também teve fibra para ajudar o marido, Irineu Soares, a criar os dois filhos, Pedro e Iago.

Hoje os filhos já têm sua própria vida. Pedro trabalha na prefeitura e Iago no Banco do Povo de Engenheiro Coelho. E foram eles, os filhos, que incentivaram a mãe a voltar para os estudos. “Eles sempre falavam para eu voltar a estudar, me mostrando que aqui em Engenheiro Coelho eu poderia completar o ensino fundamental e médio, sou muito grata pelo incentivo deles”, comenta Maria.

Para voltar para sala de aula, Maria teve que enfrentar alguns medos. “Achei que poderia não dar conta, foram 40 anos longe da escola, pensei que não iria captar nada, que não iria aprender”, admite. Ela não sabia o que iria encontrar, com quem iria estudar e nem o grau de dificuldade nos ensinamentos dos professores. A situação era mais um desafio na vida de Maria. Porém, assim como fez com todas as dificuldades ao longo de seus 57 anos, a jovem senhora enfrentou os medos, comprou o material escolar e encarou a sala de aula.

Ela retomou os estudos em 2015 e, em três anos e meio, concluiu o Ensino Fundamental e Médio. “Foi maravilhoso, deu tudo certo. No início era uma novidade de criança. Quando eu estudei, tinha apenas um professor. Agora, cada matéria entrava um. Aquilo tudo era novidade, mas foi uma experiência incrível”, comenta. Maria também afirma que, além do aprendizado, as amizades feitas em sala de aula jamais serão esquecidas. “Eu era a mais velha da sala, os colegas me chamavam de vó da turma, foi muito bom, um ajudando o outro”, recorda.

Sempre disposta a aprender, a estudante também tem muito a ensinar. Ensinar que a vida é feita de desafios, e o melhor a fazer é enfrentá-los. Ensinar que não dá para fugir das dificuldades, e que se fortalecer é o melhor caminho. Por isso, com um sorriso no rosto, ela afirma: “Nunca é tarde para aprender! A gente acha que depois de uma certa idade tudo já passou, mas não é assim, temos muita coisa para aprender”.

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