Coelhense conta sobre período em que esteve infectado pelo coronavírus

Isabella Anunciação

É provável que você não imaginara que em 2020 o mundo estaria refém de uma capsula proteica. Por um instante, a comoção pode envolver o seu coração, ou não. Entretanto, esse sentimento parece distante comparado a quem presenciou de perto a doença. “Não imaginava que aconteceria comigo”. É assim que o coelhense de 38 anos, Paulo Roberto Muniz, descreve a sensação quando recebeu o diagnóstico positivo para o coronavírus. Em entrevista ao Portal Coelhense, ele falou como foi enfrentar esse período.

Confira a entrevista na íntegra:

Como foi a descoberta da doença?  Foi demorado descobrir o que eu tinha, pois quando senti os sintomas o nosso município ainda não tinha exame rápido para fazer. Nos primeiros dias, eu comecei a sentir febre, dor de cabeça, corpo mole e tosse. Depois de cinco dias, fui ao Pronto Socorro e recebi medicação. Fiquei em casa, mas senti piora. Uns três dias depois, no meio da noite, tive muita tosse, canseira e um pouco de sangue ao tossir. Fui ao Pronto Atendimento e o médico me passou injeção e depois fiz inalação. Foi feito um exame de sangue e depois retornei para casa.

Pela manhã, fui ao Pronto Socorro pegar o resultado do exame e fazer um raio-x.  Em seguida, fui orientado a ir no posto 3 para saber o resultado do exame com a médica. Chegando lá, a médica não queria me atender e me disse que lá não estava atendendo esses casos, mas com relutância resolveu me atender. Ela viu minha respiração e percebeu que meu pulmão não estava bem. Daí ela passou medicamentos para tomar em casa. A médica suspeitava que era H1N1 ou Covid-19.

Uma semana se passou e eu ainda não estava melhor, tinha febre, cansaço e tosse com secreção. Voltei no médico e fiz novos exames e novo raio-x. O médico do Pronto Socorro disse que eu estava com bronquite. Passou novos medicamentos e voltei para casa. Uma semana depois me chamaram para fazer um novo exame de sangue no posto 1 e no outro dia saiu o resultado positivo para coronavírus, mas que eu já havia adquirido anticorpos.

Como foi o tratamento e quanto tempo durou a recuperação? O tratamento eu segui com os remédios que me passavam e também tomei muito remédio caseiro, chá, e confiando em Deus que logo ficaria bem. O tempo de recuperação foi de 20 dias, mas fiquei 15 dias a mais de quarentena.

O que sentiu quando soube que estava infectado?  Fiquei surpreso, não imaginava que aconteceria comigo. Também tive medo de passar para os meus familiares, pois minha mãe e meu pai fazem parte do grupo de risco.

O que você pensa sobre as medidas de isolamento adotadas? Eu vejo que é o único jeito para controlar outras pessoas a não pegarem o vírus. Porém, eu sei que essa medida pode afetar a saúde mental,gerar ansiedade, estresse, faz amentar os casos violência doméstica, dentre outros fatores.

Você sofreu algum tipo de preconceito? Sim, sofri, eu e toda minha família. Uma pessoa divulgou minha foto e da minha ex-esposa falando que eu estava espalhando o vírus por toda cidade. Foi uma situação muito difícil. Outra vez, depois que estava curado e indo trabalhar, chamaram a polícia para mim. Foi outro momento difícil, andando na rua, as pessoas perguntando e fazendo comentários. Passei por momentos complicados, mas graças a Deus passou.

Casos de Covid-19 na cidade 

Engenheiro Coelho mantém o número de nove casos positivos. Em relação a esses, a Prefeitura informa que estão todos curados, bem de saúde e nenhum em isolamento social. Quanto ao número de casos notificados, a cidade conta com 26. Casos negativos são 17 e não há nenhum exame em espera de resultado, de acordo com o boletim do dia 12 de maio.

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