29/10/2017

Conheça a história dos gaúchos que empreenderam em Engenheiro Coelho

Jonathan e Natalia Schroeder saíram do Rio Grande com o sonho de estudar e montaram o Xis do Gaúcho

Nathália Lima

Trabalhar. Esta é uma das palavras mais significativas da sociedade. Alguns têm medo de colocá-la em prática, outros prazer. Mas em 100% dos casos, a situação é a mesma: sem trabalho, não há dinheiro. Sem dinheiro, ninguém paga contas, e as dificuldades só aumentam. Pensando em aventurar-se para estudar, o jovem casal Jonathan e Natalia Schroeder viajou mais de mil quilômetros e instalou residência em Engenheiro Coelho. Ele faz música. Ela, direito. E nas horas em que não estão na sala de aula, ambos fazem xis.

Prato famoso em terras gauderias, o xis faz parte da interminável lista de possíveis lanches a se escolher nos cardápios de lanchonetes, e emana sabor. Sabendo basicamente como se montava o xis, o casal resolveu montar uma lanchonete delivery dentro de casa. A iniciativa, tímida de início, acabou dando certo e se transformou em um dos principais pontos de encontro do bairro Universitário de Engenheiro Coelho: o Xis do Gaúcho.

Na entrevista desta semana você vai conhecer a história do casal que veio de muito longe para estudar e acabou empreendendo em terras coelhenses.

Como surgiu a ideia de criar um empreendimento alimentício? A gente não sabia o que ia fazer até chegar alguns dias antes de nos mudarmos para cá. Através de uns amigos lá do sul, nós ficamos sabendo que não existiam muitas opções de lanchonetes aqui no bairro. Um primo meu faz o melhor lanche que eu já comi e 300 a 400 lanches por noite. Sabendo disso, eu fui na produção dele uma semana antes de vir para cá e aprendi o básico de como se monta um xis. Ele não me ensinou detalhes, mas o básico eu sabia.

Como foi o processo de criação dos lanches do Xis do Gaúcho? Nós ficamos umas duas semanas experimentando receitas de maionese. Jogamos óleo fora, testamos várias vezes até que chegamos em uma receita que ficou do jeito que queríamos.

Quais foram as maiores dificuldades que vocês encontraram nesse início de produção? Na nossa primeira semana aqui, eu comprei uns três quilos de carne para aprender a fazer. Eu fiquei das 13h às 18h fritando bife para achar a maneira correta de tempero e método para fazer a carne. Diferentemente do sul, aqui a gente não encontra nada pronto. Lá no sul, tu compra bife cortado, passado na “máquina” e é só chegar e fritar. Aqui tem que cortar a carne e fazer tudo do zero.

Lanchonete no apartamento: como foi essa primeira experiência? Bastante fedida. Rs! Nas primeiras noites, nós nem vendíamos direito. Chegamos a doar alguns sacos de pão de xis para não ir fora, porque ninguém comprava. Nós postávamos no Facebook e ninguém pedia. Foi uma fase bem complicada. Não dava resultado. No primeiro dia de venda, nós não tínhamos nem um real para dar de troco. A gente investiu tudo nos lanches.

Sobre morar no mesmo lugar em que a gente fazia os lanches, nós não aconselhamos ninguém. Nós éramos “xis ambulantes”. O cheiro da fritura, a gordura, tudo tomava conta do apartamento. Nossa casa mesmo era dentro do nosso quarto.

Vocês consideram esse empreendimento um passo de fé? Quando a gente chegou aqui, muitas pessoas nos disseram que nós éramos loucos. Porque aqui ninguém gostada de delivery. Os moradores gostavam de ir para os restaurantes, e nós atendíamos o povo em casa, num apartamento de um quarto. Só que Deus foi abençoando tanto que, nos finais de semana, a gente vendia mais de 100 lanches, atendendo delivery e em casa, e tinha até que desligar o celular porque muitos outros também queriam lanches. Por isso decidimos abrir um espaço físico e nos mudar para um lugar maior.


“Quando a gente chegou aqui, muitas pessoas nos disseram que nós éramos loucos”


Qual é a visão de vocês a respeito da concorrência no bairro? A gente não vê os outros estabelecimentos como concorrência, mas sim como nossos parceiros. Cada um tem o seu próprio diferencial, e o nosso é trazer para os clientes um pouco da gastronomia do sul. Se tem movimento para um, vai ter movimento para todo mundo. O que nós temos que sempre fazer é caprichar no nosso trabalho. Bom atendimento e comida de qualidade é o mínimo que a gente pode oferecer. Aqui no Xis do Gaúcho, nosso foco, além disso tudo, é cuidar do cliente de maneira personalizada.

Quais são os próximos passos que vocês pretendem dar? Nós pensamos em abrir franquias em outros lugares. Esse é nosso objetivo daqui um tempo. Mas primeiro nós vamos montar tudo e estruturar bem este primeiro ponto do Xis do Gaúcho, criar raízes aqui e depois dar esses novos passos.

Vocês são casados há pouco menos que dois anos. Como esse empreendimento influenciou esse relacionamento? Fortaleceu? Nós estamos casados há quase dois anos, mas parece que estamos juntos há 10 anos. Já passamos por tanta coisa juntos, e isso só nos aproximou um do outro. No final do ano, teremos nossa primeira filha, a Ana Lua, que faz parte dessa história e nos acompanha na correria do dia a dia. São experiências bem intensas, mas que nos deram ainda mais força para continuar.

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