20/11/2024

Creches de Engenheiro Coelho têm falta de merendas e produtos de limpeza

Falha em transporte dado a alunos de região rural é outro problema na educação da cidade

    Denúncias alegam que problema ocorre desde o início do ano – foto: Portal On

Da redação

Creches municipais de Engenheiro Coelho estão passando por falta de merendas e produtos de limpeza, segundo denúncia de diretoras das instituições. As denúncias foram feitas através de ofícios enviados à Câmara dos Vereadores.

Nos documentos, as diretoras descrevem que as unidades enfrentam dificuldades desde o início de 2024, mas que o problema piorou depois do retorno do recesso escolar, em julho.

“Não temos como higienizar e limpar a creche/escola, pois não temos produtos de limpeza. Lavar os lenções e toalhas, lavar os banheiros, lavar as louças. Nosso freezer está vazio, não temos carnes, frutas há meses não vêm, açúcar, leite, arroz, feijão, tempero, óleo, e por aí vai a lista enorme”, pontua o ofício.

O documento ainda diz que as equipes docentes tentaram, por algum tempo, gerenciar o problema sozinhas. “Por inúmeras vezes, estamos contornando a situação, dando ‘um jeitinho’, porque acreditamos na Educação, temos nossas obrigações e responsabilidades enquanto gestores e nos preocupamos com as mães que depositam em nós toda a responsabilidade de deixar seus filhos conosco”, diz.

A vereadora Flávia Guimarães (PL), que ocupa a mesa diretora da Câmara e esteve à par do assunto, afirma que boa parte do sistema de educação de Engenheiro Coelho está passando por problemas. “Estamos a semana toda sem aula e uma das razões possíveis é a escassez de alimento e produto de limpeza”, sugere Flávia. “Os ônibus não têm ido buscar alunos na zona rural e o transtorno está enorme”.

“Como presidente da comissão de educação, já abri uma comissão extraordinária convocando todos os responsáveis pela merenda. Já apresentei um relatório dessas situações para o Tribunal de Contas. Mas não tivemos solução permanente”, acrescenta Flávia.

Além dos ofícios enviados à Câmara, membros da comunidade se engajaram em uma campanha chamando atenção para o problema. A influenciadora digital Francielle Nogueira, com mais de 500 mil seguidores, publicou stories denunciando a situação e pedindo doações para as creches.

Ao Portal On, Francielle conta que soube do problema por uma funcionária e agiu para ajudar. “Todas as creches da cidade estão em estado crítico e sem comidas”, diz. “Resolvi compartilhar porque quero ajudar. Estou tentando ir atrás de algumas marcas, para ver se consigo doação de comida. Até agora não consegui nada. Também pedi para as (minhas) seguidoras, se elas poderiam contribuir, se elas sentissem de contribuir financeiramente ou mandando alimentos perecíveis, e aí deixei o endereço da minha caixa postal”, acrescenta.

A Prefeitura de Engenheiro Coelho divulgou uma nota sobre o problema (leia trecho abaixo):

“Em resposta às manifestações sobre a falta de alimentos nas escolas e creches para a merenda das crianças, a Prefeitura esclarece que, devido ao término do mandato atual e ao excesso de feriados, não foi realizado um estoque adicional de produtos nas unidades de ensino. A administração municipal, no entanto, garante que não há falta de suprimentos essenciais para o atendimento das necessidades dos alunos. Todos os esforços estão sendo direcionados para que as atividades escolares ocorram normalmente, sem prejuízo para as crianças da rede pública.”

Transporte de estudantes rurais

Estudantes que vivem na zona rural da cidade dependem de transporte público para conseguir ir às aulas | Felipe Pessoa/Portal On

Outro problema que está atingindo a área da educação de Engenheiro Coelho tem a ver com transporte.

Pais de estudantes de Engenheiro Coelho que moram na área rural da cidade estão relatando dificuldades em utilizar os serviços de transporte público oferecidos a quem reside na localidade. Isso porque, segundo eles, muitas vezes os ônibus não passam para buscar os estudantes, e, quando passam, quebram ou apresentam falhas. Os pais afirmam que seus filhos já acumulam diversas faltas às aulas.

Segundo Luciana, moradora do complexo residencial rural Sítio Mato Dentro e mãe de um menino e uma menina de 6 e 14 anos, respectivamente, já faz mais de 15 dias que as falhas ocorrem. “Não tem van nem ônibus para buscar os alunos para estudar e eles alegam que os ônibus estão quebrados, que as vans estão quebradas… Quando vêm (buscá-los) de carro, vem duas vezes e o carro quebra. O carro é pequeno, apertado para todos os alunos”, queixou-se Luciana.

Ponte que dá acesso à onde mora Luciana, na região do Sítio Mato Dentro | Felipe Pessoa/Portal On

“Quando vem um ônibus, uma van, quebra no meio do caminho. A criança tem que ficar parada dentro do ônibus, esperando outro vir socorrer”, denunciou. Ela relatou que os estudantes chegaram a ficar por mais de uma semana inteira sem ir à aula devido à falta de transporte. “Estão, todos eles, perdendo aula, com risco de, ao chegar no fim do ano, repetir (a série escolar) por causa de falta, porque não conseguem ir para a escola. O transporte não vem e a gente não tem como levar”, explicou.

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