17/09/2017

Jogador de Tênis de Mesa conta história do time de Engenheiro Coelho

Walter Quiaper é o criador da primeira equipe municipal do esporte, que compete nesse domingo (17) na Liga Metropolitana

Nathália Lima

Criado na Inglaterra como uma versão de inverno do tênis de quadra, o tênis de mesa ganhou espaço no coração dos brasileiros e se transformou em uma das principais modalidades de esporte nos playgrounds. Não faz muito tempo que este, carinhosamente chamado de pingue-pongue, tomou conta de uma parcela de atletas “brasucas”, se transformando em um esporte estratégico e cheio de competitividade.

Em Engenheiro Coelho, um time oficial de tênis de mesa foi criado há 14 anos, por um antigo estudante de ensino médio. Natural de São Paulo (SP), Walter Quiaper é formado em teologia pelo campus coelhense do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-EC), e pratica o esporte há pelo menos 20 anos. Ao vir para o município, após ter experiência no esporte em sua época de ensino básico, Quiaper sentiu a necessidade de criar na cidade um time de atletas amadores, a fim de continuar treinando.

A iniciativa despretensiosa deu certo, e hoje, cerca de 40 moradores do município participam dos campeonatos e treinos regulares. Apesar de as reuniões serem feitas dentro do Unasp, Walter explica que o time é aberto a todos os moradores de Engenheiro Coelho que simpatizem com a modalidade. O criador do time conversou com o Portal Coelhense e contou, em detalhes, a história da modalidade no município.

Confira a entrevista deste domingo (17) na íntegra:  

Quando surgiu a ideia de criar o primeiro time de Tênis de Mesa em Engenheiro Coelho? Comecei a pensar em criar uma equipe de tênis de mesa aqui no município quando estava no ensino médio, em 2004. Eu e mais algumas outras pessoas montamos alguns campeonatos a fim de saber se tinha gente, dentre os alunos do Unasp, que gostavam desse esporte e se animariam a participar de uma equipe oficial. Os primeiros campeonatos que fizemos aqui reuniram mais de 30 pessoas, apenas entre homens. Quando abrimos para o feminino, tinha 20 meninas de pronto querendo participar. Foi um sucesso! Nesse momento descobrimos que tinha gente para compor um time municipal e que a ideia daria certo. Desde o início, até o ano de 2012 ficamos com essas iniciativas dentro do Unasp.

Quando apareceu o Tênis de Mesa na sua vida? Eu comecei a treinar em Osasco (SP), onde a colônia japonesa é muito forte. Em suma, os asiáticos gostam bastante deste esporte, e grande parte dos campeões mundiais é asiática. Antes de ir para o Unasp, eu entrei no clube japonês de Tênis de Mesa para treinar. Na escola adventista, eles faziam interclasse, e tinha essa modalidade. Eu, como tinha cara de japonês, fui colocado no time, mas acabei perdendo, pois não sabia jogar. Foi ali que eu decidi que aprenderia. Aquela derrota me deu o impulso necessário para aprender a jogar tênis de mesa de verdade. Lá, eu comecei a competir em campeonatos sérios de São Paulo, e me desenvolvi bastante. Só parei quando vim estudar no Unasp.

Em que momento você sentiu que a equipe estava pronta para participar de campeonatos externos? Bom, em 2012 nós começamos a sonhar mais alto. Tínhamos uma equipe bem completa, de pessoas que treinavam semanalmente, e começamos a nos inscrever em alguns campeonatos. Só que era meu último ano de teologia, e eu ia embora em dezembro. Foi aí então que eu decidi que ensinaria todos os interessados a jogar de verdade. Nesse ano comecei a dar aulas aqui dentro da instituição, e criar uma geração boa no esporte, ensinando a base, movimentação. Comecei com as crianças da escola básica e cobrava o valor simbólico de R$ 5. Na época, eu tive um pico de 25 alunos treinando, e eu dava aula todas as tardes e noites para incentivar o esporte no município.


“Aquela derrota me deu o impulso necessário para aprender a jogar tênis de mesa de verdade”


Qual foi o primeiro campeonato oficial que o time coelhense de tênis de mesa participou? Nós participamos de um campeonato em comemoração aos 50 anos do Tênis de Mesa de Mogi Guaçu (SP). Na época, foram 10 clubes convidados a participar. Até então, nós nem sabíamos quais eram os campeonatos regionais dos quais poderíamos participar. E quando fomos convidados para competir em Mogi, ficamos sabendo de vários outros, o que nos abriu muitas portas para campeonatos locais. Nessa ocasião em especial, nós conseguimos 2º lugar dentre os 10 times inscritos – muitos deles com “pegada” profissional, técnicos pagos e treinos fixos semanais -, e isso nos incentivou bastante a participar de outros.

Quais são as modalidades do esporte que vocês praticam com os atletas de Engenheiro Coelho? Temos categorias por idade, tanto femininas, quanto masculinas, com possibilidade de jogar em duplas, trios e sozinhos. Dentro das competições do Unasp, nós ainda temos a categoria por equipes, que ainda não levamos para os campeonatos em que participamos, mas realizamos dentro mesmo da instituição.

Qual é a história do time com o município de Engenheiro Coelho? Somos o primeiro time de Tênis de Mesa do município. Nós ganhamos a primeira medalha municipal dessa modalidade, e acredito que fizemos história no município com isso. Infelizmente, ainda não temos apoio financeiros dos órgãos públicos do município. Esperamos, em um futuro próximo, angariar parcerias com a Prefeitura municipal e a Secretaria de Esportes para custear nossas participações em competições estaduais. Por enquanto, fazemos isso do nosso próprio bolso.


“Nós ganhamos a primeira medalha municipal dessa modalidade, e acredito que fizemos história no município com isso”.


Em quais campeonatos vocês já participaram representando a cidade? Participamos da Liga de Mogi Guaçu (SP), Liga “Romeu Tibério”, Jogos Regionais (que já jogamos três anos seguidos), Jogos da Juventude (popularmente chamado de ‘Joguinhos’, para categoria sub 19), Liga Metropolitana e Liga Paulista Universitária. Ao todo, já fizemos parte de seis campeonatos, e esses todos são sem contar os campeonatos realizados dentro da instituição.

Qual é a visão que você tem a respeito do tênis de mesa no Brasil? Aqui, nós temos o esporte como hobby, lazer, brincadeira de criança. Faz pouco tempo que o brasileiro tem compreendido o tênis de mesa como um esporte real de competição. Em outros países, por exemplo, o esporte faz parte da formação das crianças, do desenvolvimento do indivíduo. Essa é a realidade no Japão. Quando você soma essa realidade para a sua vida, você acrescenta conhecimento e maior compreensão a respeito de tudo. O esporte promove respeito ao próximo, o fair play – que é quando o atleta comete algum erro no jogo e pede desculpas ao adversário -, muita disciplina, enfim, benefícios físicos, psicológicos e sociais.

Quais são os próximos jogos do time de tênis de mesa do município? Nós vamos jogar no Campeonato da Liga Metropolitana no domingo (17), dia 1º de outubro tem o Campeonato de Equipes do Unasp-EC e dia 8 de outubro a outra etapa da Liga Metropolitana. No próximo dia 21, nós estamos organizando um Campeonato Nacional de Tênis de Mesa da rede Adventista, algo que ainda não tinha sido feito. Teremos representantes de outros estados jogando aqui no Unasp, e a ideia é ampliar essa competição para outros esportes, sempre em parceria com professores da rede.

Quais são os benefícios da prática do tênis de mesa? Esse é um esporte bastante completo. A bolinha de tênis de mesa chega a 100 km/h, tudo acontece muito rápido. Por isso, é importante que exista muito treinamento, muita disciplina para treinar reflexo, a ligação entre olho e mão. O tênis de mesa também desenvolve a concentração, o raciocínio rápido e lógico, a perseverança, o domínio pessoal (autocontrole), porque o psicológico pesa muito.

Foto: Walter Quiaper / Arquivo Pessoal

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