10/11/2019

Engenheiro Coelho possui museu com mais de 4 mil peças

Acervo vai desde arquivos históricos até documentos de personagens ilustres para o contexto bíblico

Desde a antiguidade o ser humano coleciona objetos. O hábito de preservar lembranças em fotos e artigos que nos lembrem de momentos que passamos, nos acompanha até hoje. Não importa quanto tempo passe, esta sempre será uma excelente forma de conservar momentos da vida, que talvez a memória não possa guardar. Os museus surgiram dessa necessidade de colecionar e conversar com o passado.

Com o intuito de contribuir para a manutenção da história, o Centro Universitário Adventista de São Paulo, de Engenheiro Coelho (Unasp-EC), criou dentro de suas dependências um museu de arqueologia bíblica. O acervo vai desde arquivos históricos até documentos de personagens ilustres para o contexto bíblico.

O Museu de Arqueologia Bíblica (MAB), é o primeiro núcleo adventista brasileiro destinado a colecionar e expor artefatos arqueológicos relacionados ao mundo da Bíblia, sendo o maior desse segmento na América Latina.

Hoje em dia, o acervo tem aproximadamente 4.200 peças, sendo 400 delas arqueológicas, 1.800 moedas e 200 obras raras, como livros antigos. Além disso, o acervo é também para o ensino, pois beneficia tanto os alunos do Unasp quanto os estudantes e pesquisadores de outras instituições como da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Confira algumas das peças:

Moeda de Ptolomeu I, 312-311 a.C., tetradracma. Ptolomeu I foi sátrapa e um dos quatro generais de Alexandre, o Grande. Se declarou Faraó do Egito, implantando uma dinastia helenística. No anverso da moeda temos sua cabeça coroada com o escalfe de um elefante, tromba, orelhas e presas (exuviae elephantis) que representava uma celebração da vitória contra as bestas fabulosas da África. No reverso a deusa Atena Alkidemos em pose de ataque.

Imagem: Máscara mortuária egípcia com rosto pintado, 300 a.C. Acervo MAB UNASP EC. Foto: Janaina Xavier

Estatueta da deusa egípcia Ísis (OAR MAB 0028). Argila, 29 x 5 x 8 cm, 1º séc. d.C. Deusa da natureza, da maternidade e da fertilidade. Considerada como a mãe divina do faraó. Foi adorada também pelos gregos e romanos. Relevo na cabeça com o disco solar entre os chifres de uma vaca.Iconografia na versão romana

Vasilha para perfume (OAR 027). Alabastro, 6x7x7 cm, Jerusalém, 1º séc. d.C. A Bíblia relata que Maria Madalena ungiu Jesus com um perfume de nardo puro contido em um vaso de alabastro (Mt. 26:7). A Bíblia menciona algumas especiarias que eram usadas para fazer óleos aromáticos, entre elas, o nardo, o açafrão, o cálamo, a canela, a mirra e o aloés (Ct. 4:14).

Ídolo Fenício (OAR 0026). Período do Ferro, Argila, 12 x 7 x 2 cm. Os fenícios pertenciam aos povos cananeus. Sua religião era politeísta e realizavam sacrifícios humanos e de animais. Adoravam Baal e Aserá (Astarté, Astarote). O rei de Israel, Acabe, e sua esposa fenícia, Jezabel, eram adoradores de Baal e Aserá. O profeta Elias desafiou os profetas de Baal no monte Carmelo e os destruiu (I Reis 18).

Molde de uma lamparina (metade) (OAR 0025). Calcário, 400 a.C., origem desconhecida, 20 x 13 x 5 cm. Desenhos de flores e folhas na borda e de animais no centro. A argila era pressionada nas duas partes do molde e as duas metades eram unidas para formar a lamparina. Essa técnica permitiu a produção do objeto em grande quantidade. O molde era esculpido cuidadosamente na pedra, mas durava muitos anos

Unguentário funerário de vidro soprado, 1º séc. d.C., Aquisição em Israel, sem procedência. Utilizados para armazenagem de óleo aromatizado para rituais fúnebres. A Bíblia relata que após o sepultamento de Cristo, as mulheres prepararam aromas e bálsamos (Lc. 23: 55). (OAR 0023).

Tablete com inscrição cuneiforme, 600 a.C., Babilônia, Cerâmica, 21 x 13 x 2 cm. Contém o nome de Nabucodonosor, o mesmo mencionado no livro bíblico de Daniel. Inscrição traduzida por WY Lombard: Nabuchadnezzar, Rei da Babilônia, provisor (do Deus) Esagil e (do Deus) Ezida, primeiro filho de Nabopolassar, eu sou, Ebabbard, o Templo (do Deus) Shamash, eu restaurei, como ele era antes, por Shamash, meu Senhor. Em 609 a.C., o reino de Judá foi levado cativo por Nabucodonosor para Babilônia e o templo do rei de Israel Salomão foi destruído e saqueado. O cativeiro durou até 538 a.C. quando o povo foi autorizado por Ciro a regressar para Jerusalém.

Tablete com inscrição cuneiforme. Fragmento com inscrições em um lado. A escrita cuneiforme (3000 a.C.) era representada por cerca de 2 mil símbolos, escritos da direita para a esquerda. Os símbolos cuneiformes foram utilizados pelos sumérios, sírios e persas.

Máscara funerária egípcia. Gesso, gaze e madeira, 900 – 600 a.C. Encontrada na cidade de Rafá, no sul da Faixa de Gaza, fronteira com o Sinai. A máscara era colocada sobre o rosto da pessoa falecida assegurando que seu espírito reconhecesse seu corpo e tivesse uma face na outra vida. Eram feitas de linho ou papiro e depois pintadas e utilizadas em homens e mulheres

Abertura

Inaugurado em 14 de maio de 2000, o museu foi estabelecido para prover um meio de apresentar a cultura da Europa (antes da Idade Moderna), Egito, Grécia e antigo Oriente Médio, relacionada à narrativa bíblica e à origem da história do cristianismo.

Suas coleções de objetos de cerâmica, moedas, estatuetas, inscrições, entre outros, são uma amostra representativa dos diferentes períodos da história bíblica e do período pós-apostólico, incluindo a invasão islâmica em Israel e a cristandade da Idade Média, abrangendo um período de mais de 4.500 anos, do chamado Bronze III (2600 a.C) até o século 15 d.C.

Histórico

A iniciativa veio de um pioneiro na área, o senhor Paulo Bork, um arqueólogo adventista que iniciou sua formação no Brasil, mas terminou o Ensino Superior nos EUA, e ao longo de sua vida adquiriu várias peças para uma coleção pessoal.

Na década de 90, ele manifestou o interesse em doar essa coleção pessoal para o Centro Universitário, para que assim a instituição começasse a formar um acervo. No ano de 2000, a doação já havia sido realizada, e então fora feito o mobiliário expositivo e inaugurada à exposição.

Lei Rouanet

Em 16 de novembro de 2018, o Museu de Arqueologia Bíblica do Unasp-EC foi autorizado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, a captar R$ 3.716.314,00 junto à iniciativa privada, para construção da sede do museu. O prazo de captação se estenderá por dois anos.

Pessoas Jurídicas, tributadas pelo lucro real, podem patrocinar com até 4% de importo de renda devido e ter a isenção fiscal de 100% do valor investido.

Visitação

O Museu de Arqueologia Bíblica Paulo Bork está localizado dentro da biblioteca do Unasp, situado a Estrada Municipal Pr. Walter Boger, sn, no bairro de Lagoa Bonita, em Engenheiro Coelho (SP). Os horários para visitação são de segunda a quinta das 7h30 às 18h; e na sexta das 7h30 às 12h.

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