28/03/2019

Engenheiro Coelho registra crescimento de 33% no número de suicídio

Especialistas afirmam que é preciso quebrar tabu e falar sobre o assunto

Mariana Avanzzi

O crescimento do número de suicídios subiu 33% em um ano. Conforme os registros na Delegacia de Polícia Civil de Engenheiro Coelho, quatro casos foram consumados no município coelhense em 2018. Uma jovem de 22 anos, que prefere não ser identificada, conta o que a levou a tentar tirar a própria vida.

Há três anos, problemas com a faculdade e com a família fizeram com que uma jovem entrasse em uma depressão profunda. Mesmo rodeada de amigos, ela se sentia sozinha. Como uma tentativa de se livrar da situação, a jovem passou a fazer exercícios físicos, mas mesmo assim a depressão só estava piorando.

“Aquela sensação de vazio, impotência e solidão era muito grande e forte dentro de mim. E isso contribuía para que eu pensasse coisas erradas”, afirma. Chegou um momento que a dor ficou insuportável e a jovem só desejava acabar como o que sentia. “Eu morava sozinha e ingeri uma quantidade de veneno com medicamentos controlados, perdi a consciência e depois de algumas horas eu acordei. Fiquei internada por um tempo e depois desse episódio resolvi pedir ajuda profissional”, declara.

Diante do aumento no número de casos, o suicídio passou a ser considerado questão de saúde pública. Segundo especialistas, é preciso saber conversar sobre o tema, pois o silêncio não evita que uma pessoa tire a própria vida. Conforme a psicóloga Jessica Lins Rovaris, não existe uma única causa ou razão para que leve uma pessoa a tirar a própria vida.

“Atualmente a maior causa de uma pessoa cometer suicídio é por estar passando por um período depressivo. Vários problemas podem desencadear esse período, como doenças, momento de luto, dificuldades financeiras, estar passando por bullying“. A profissional de saúde mental dá algumas dicas e informações sobre o assunto.

Como identificar?

Qualquer mudança no comportamento de um indivíduo deve servir de alerta para as pessoas próximas. Isolamento, perda de interesse em coisas que gostava de fazer, falas como “a vida não tem sentido” “gostaria de acabar com isso” são sinais que devem ser percebidos e levados em conta. Os pais que tem crianças ou adolescentes também devem estar sempre ligados ao que o filho pesquisa na internet. Pesquisas sobre como usar medicações, como utilizar armas, são grandes alertas.

Como ajudar? 

Falas preconceituosas, como “isso é bobeira” “existem pessoas sofrendo bem mais que você”, não irão ajudar, muito pelo contrário. Muitas vezes a pessoa está pedindo ajuda, e a outra não compreende. Entender que quando alguém pensa em suicídio, não está sendo egoísta, nem querendo chamar a atenção, mas sim querendo acabar com aquele sofrimento que faz com que ela não veja razão em viver. Então ouvir atentamente sem julgar, demonstrar empatia, mostrar para o indivíduo que você está ali com ele, e buscar ajuda profissional imediatamente junto com a pessoa, são as melhores formas de ajudar.

Existe um fator determinante?

Pessoas com transtornos mentais que não tem o tratamento adequado são um grupo de risco. Também o acesso imediato a um método para cometer suicídio é um importante fator determinante (como ter uma arma de fogo em casa). E a exposição ao suicídio, tanto na vida real, como na virtual (através de fotos, vídeos) podem influenciar em um comportamento suicida.

Como prevenir?

O preconceito sobre o assunto piora a situação, pois não falar sobre o assunto não evita que o mesmo aconteça, muito pelo contrário. Então buscar informações, buscar ajuda profissional, falar sobre o assunto com as pessoas com quem se convive, são alguns fatores de prevenção.

Tratar do assunto é importante?

O suicídio se tornou uma questão de saúde pública. Atualmente, os profissionais de todas as esferas estão buscando saber mais sobre o assunto para saber como lidar com uma pessoa que pensa em suicídio. Existem campanhas, como o Janeiro Branco que trata da importância da saúde mental, e o Setembro Amarelo, que busca informar a população sobre o tema do suicídio. Já está mais do que na hora de falarmos abertamente sobre transtornos mentais, pois as doenças da mente são tão graves como as doenças físicas.

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