13/08/2017

Especialista avalia cenário da agricultura familiar em Engenheiro Coelho

Margarida Paes Delgado responde pela Casa da Agricultura do município

Da redação

Em tempos de grande mecanização da força de trabalho da zona rural, os pequenos agricultores familiares, que produzem em escala reduzida apenas para o sustento de sua casa, parecem ameaçados de desaparecer. No entanto, esses homens e mulheres, que se dedicam de sol a sol na lavoura, se adaptam ao novos tempos, absorvendo tecnologias e técnicas contemporâneas para manter seu estilo de vida e garantir o futuro dos filhos.

Para comentar melhor o cenários da agricultura familiar em Engenheiro Coelho, o Portal Coelhense conversou com a engenheira agrônoma Margarida Paes Delgado, que atua na Casa da Agricultura e lida diretamente com esse pequenos produtores. Segundo ela, por mais que pareça uma atividade em declínio, o cultivo de pequenas faixas de terra para subsistência deve se perpetuar por muito tempo, adaptando-se conforme o necessário.

Na conversa, a profissional também falou de outros assuntos, como a relação entre a crise dos últimos anos e a agricultura, os danos da estiagem no setor e o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Leia a entrevista na íntegra:

Há alguma estimativa sobre o número de agricultores familiares em Engenheiro Coelho e a extensão de terra que eles utilizam no município? Através de dados recentes do Levantamento de Unidade de Produção Agropecuária (LUPA), podemos concluir que 50% dos produtores estão classificados como agricultores familiares e utilizam 23% da área destinada a agricultura do município, ficando restante para os médios e grandes produtores.

De que maneira o Programa Nacional de Alimentação Escolar tem beneficiado os agricultores familiares de Engenheiro Coelho? Existe um grupo informal de produtores rurais que há alguns anos vem se organizando, participando de chamadas públicas. O programa os tem beneficiado porque eles podem escoar parte da sua produção no próprio município e serem pagos com um valor justo para o produto. Além disso, ocorre a satisfação de ver os alunos consumindo produtos frescos e de boa qualidade.

O cultivo de produtos orgânicos tem crescido no município ou é algo que não está sendo priorizados pelos agricultores locais? Nós estamos localizados num local onde a procura por produtos orgânicos é cada vez maior. Está havendo muita busca de informações, principalmente dos pequenos  produtores, sobre como produzir estes alimentos. O produtor viabiliza uma forma de agregar  valor ao seu produto, e existe a preocupação com seus familiares que trabalham na lavoura, para não se contaminarem com agrotóxicos. O objetivo é oferecer à população um alimento mais saudável. Não temos produtores com certificado orgânico, mas temos vários produtores em transição para o orgânico. Além disso, alguns estão utilizando o cultivo mínimo e plantio direto, além de outros que utilizam o controle biológico em suas lavouras.

Existe no país um grande número de agricultores familiares cujos filhos não pretendem atuar na mesma área, preferindo se mudar para áreas urbanas e desenvolver outras ocupações. Na sua opinião, há o risco de a agricultura familiar ser extinta na região? O êxodo rural já vem ocorrendo a vários anos em nosso país e município, mas as nossas instabilidades atuais na agricultura tem proporcionado ainda mais essa evasão. Nosso município era composto em sua maior parte por áreas de citricultura e, quando apareceu a doença conhecida Greening nos pomares de laranjas, a sobrevivência fiou difícil e ocorreu um número grande de erradicação das plantas, sendo  que esta cultura era uma fonte viável economicamente para os pequenos produtores sobreviverem. Hoje, várias destas áreas foram substituídas com o plantio de cana-de-açúcar. O produtor tem que arrendar suas terras para a usina, e os filhos se sentem obrigados a mudar de profissão. A agricultura familiar não será extinta no município pois ainda há vários produtores diversificando suas culturas e buscando formas de agregar valor ao seu produto para sua subsistência na atividade, juntamente com seus familiares.

A época de estiagem e as queimadas comuns nesse período tem prejudicado os agricultores do município? Em nossos levantamentos observamos que o milho, em alguns anos, foi prejudicado pelas estiagem. E as queimadas, quando ocorrem, geram prejuízos ao agricultor.

A tecnologia tem sido um aliado dos pequenos agricultores locais ou os métodos mais antigos de cultivo tem prevalecido entre eles? Em nosso município, a tecnologia tem sido encarada como um aliado para os pequenos agricultores.

A crise financeira que o país enfrentou nos últimos anos afetou a agricultura familiar em Engenheiro Coelho? O Governo Federal disponibiliza várias  linhas de crédito para o pequeno agricultor, com juros baixos. Há muita procura, mas para sobreviver na atividade é necessário produzir de forma eficiente e vender seu produto com preço justo. A crise financeira está afetando o país de forma geral.

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