04/08/2020

Família de Engenheiro Coelho vende verdura para pagar mensalidade de filho

Verduras são cultivadas pela própria família em uma horta orgânica

 

Isabella Anunciação

Na Região Metropolitana de Campinas foram fechados 32.620 postos de trabalho no período de janeiro a maio deste ano e foram demitidos 127.272 empregados nesses cinco meses, de acordo com Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC). Dentre o número de pessoas desempregadas, está a munícipe, Raquel Aquino da Silva dos Santos, que optou em montar uma horta como forma custear o estudo do filho.

A família de Raquel foi uma das afetadas financeiramente pelo novo coronavírus. Raquel Aquino era contratada em uma empresa da região, mas sofreu corte de funcionários devido a pandemia. Para sustentar o lar, ela e o esposo começaram a fazer bico, mas desejam uma renda fixa para custear o estudo do filho.  Foi assim, que pensaram em um meio alternativo para pagar as despesas. “A ideia de montar uma horta surgiu por que queríamos uma coisa fixa, principalmente nesta pandemia”, declara.

O filho do casal está no terceiro ano do ensino médio e por causa da demissão dos pais, a família ficou sem recursos para pagar a mensalidade que custa R$570,00. A venda das hortaliças tem ajudado, mas ainda não alcançaram o suficiente para pagar as mensalidades em atraso.

“Como eu não consegui estudar, eu luto para que meu filho possa estudar, fazer uma faculdade, para isso, a gente faz de tudo um pouco”, afirma. É com este sonho em mente que Raquel e seu esposo, Antônio Marcos dos Santos, se motivam diariamente.

“Nós fazemos todo tipo de serviço. A gente já até limpou lote. Tudo o que a imobiliária precisa a gente faz, não tem dessa. Se for para desentupir um vaso, qualquer servicinho é útil para gente sobreviver aqui”, expõe.

Entre um serviço e outro para a imobiliária, o casal descobriu um lote vazio e tiveram a ideia de montar uma horta. “Eu perguntei o dono do lote se a gente podia limpar para fazer uma horta, eles estão até vendendo o lote, mas não vimos problemas e metemos a cara, todos os três”, conta.

Para preparar o local de plantação, o casal utilizou meios alternativos e econômicos. “Fizemos a cerca toda de bambu, colocamos uma caixa d´água, ela estava furada, mas meu marido remendou e a gente fez o alicerce dela todo de bambu. Trabalhando com as pinturas, nós fomos separando um dinheirinho para gente mandar ligar a água e com o dinheiro do auxílio emergencial a gente investiu em mudinhas e nos canos para ligar a água”, relata.

No período de dois meses, a família realizou a limpeza do lote, montou os canteiros e plantou as mudas. O trabalho resultou em plantação de rúcula, alfaces (americana, lisa, crespa e roxa), salsa, coentro, acelga, brócolis, repolho (roxo e verde), beterraba, cenoura, rabanete, berinjela, quiabo, jiló, ervilhas. De acordo com Raquel, ao todo são 4.200 hortaliças.  “Cada mudinha que a gente colocava ali eu orava pedindo a Deus que realmente fosse um meio para eu ter alguma coisa fixa”, revela.

“O meu sonho é poder saber que também posso ajudar alguém. As vezes as pessoas estão doando cesta básica para alguém e eu posso estar doando um pé de alface, um pé de rúcula, um cheiro verde, uns brócolis, um repolho. Então para mim vai ser muito gratificante fazer isso, também estar ajudando as pessoas. Por que eu vejo montando uma cesta, mas as vezes não tem uma verdura, um legume, uma hortaliça. Eu também falava isso nas minhas orações também, estarei podendo ajudar”, complementa.

Devido ao serviço de pintura e consertos, a família não trabalha integralmente na horta, mas informa que na próxima sexta-feira (7) estará comprometida em atender à comunidade.

Para os interessados em adquirir as verduras, basta comparecer na rua 3, número 61, bairro Recanto da Vinci (região do Unasp). E também, podem entrar em contato pelo número 19 99936-1094.

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