19/09/2020

Feirantes de Engenheiro Coelho relatam como enfrentaram a quarentena

Feira Livre ficou cerca de cinco meses interditada e voltou a funcionar no final de agosto

Isabella Anunciação

A pandemia causada pelo coronavírus mudou a vida, literalmente, de todo mundo. Para alguns setores comerciais, esse período é uma oportunidade de aumentar a receita, já outros enfrentam situações negativas. Em Engenheiro Coelho, o grupo de feirantes ficou cerca de cinco meses sem expor suas mercadorias. Nesse tempo, eles procuraram meios alternativos de conseguirem recursos para pagar as contas.

Trabalhadores de diferentes ramos foram atingidos de forma negativa ou positiva pela pandemia. O feirante em Engenheiro Coelho, Romildo Barbosa de Souza, trabalha nesse segmento desde 2011 na cidade. Durante cinco meses ele não pôde expor suas mercadorias devido ao decreto de prevenção frente a Covid-19.

“Esse tempo parado ficou ruim, perdemos muita coisa, muita mercadoria ficou parada. Essas duas semanas de volta já melhorou bem. Para o restante do ano eu conto que melhore”, declara.

Além do prejuízo do tempo parado, agora Romildo também enfrenta a alta dos preços nos produtos fornecidos.  “As coisas estão ficando encarecidas, aqui a gente está tentando segurar, mas os fornecedores não seguram”, afirma.

Natural de Espinosa (MG), Romildo mora em Artur Nogueira e há nove anos é feirante aos domingos em Engenheiro Coelho. Durante a semana, ele utiliza seu veículo para fazer as vendas de porta em porta. E foi dessa maneira que ele também conseguiu se manter no período de quarentena.

Maria Rosa da Silva enxergou a reabertura da Feira Livre como uma oportunidade de montar seu tão sonhado comércio.

“Eu comecei a ser feirante agora. Tem duas semanas só que eu vim para cá. Eu trabalho como diarista, mas com essa pandemia caiu muito, e por isso, eu tive que procurar outro serviço que me ajudasse com as despesas. Como eu pago aluguel, estava muito difícil”, informa.

Natural de Monte Azul (MG), Maria mora há 10 anos no município. Ela conta que seu sonho era ter uma barraquinha na feira, e que durante a quarentena, conseguiu recursos para iniciar o negócio.

“Eu já trabalhei com tempero uma vez e era meu sonho ter uma barraquinha na feira e acabei realizando. No final do ano passado teve um senhor aqui que sofreu acidente e eu acabei cuidando dele, aí ele pagou para eu cuidar dele. Foi o dinheiro que eu tive para começar”, relata.

Maria não encontrou nenhum desafio e se sente bem neste novo empreendimento. “Eu me sinto feliz em ser feirante em Engenheiro Coelho, é gostoso”, declara.

O feirante José Coelho nasceu no Mato Grosso e, atualmente, mora em Cosmópolis, onde tem uma peixaria. Há cerca de cinco anos, comercializa peixe na feira de Engenheiro Coelho. Durante a pandemia, vender de casa em casa também foi sua alternativa de subsistência.

“Em termos de venda eu perdi uns 40% a 50%, às vezes eu trabalho como vendedor de rua indo de casa em casa. Foi nessa daí que eu observei que o fluxo de pessoas também diminuiu”, afirma.

Após o retorno da Feira Livre nesse mês de agosto, José sentiu que o fluxo de pessoas diminui significativamente.

“A cidade aqui é pequena e precisa crescer. Devido a essa pandemia, muita gente foi embora e o público da feira e da cidade diminuiu muito. Vou esperar agora para ver se o pessoal retorna e traga mais movimento”, afirma esperançoso.

Segundo ele, a cidade possui uma população flutuante e por esse motivo o comércio está mais vazio. “Eu acho que caiu de movimento uns 40%. Aqui tem muito estudante, pessoal que vai trabalhar na safra, na colheita de laranja e mandioca. Isso influenciou bastante para as pessoas irem embora”, pondera.

Apesar dessa observação, José diz que notou melhora nesse segundo domingo (13) após a reabertura da feira. “Devagarzinho o pessoal vai voltando, da semana passada para cá já melhorou 50% do que estava”, observa.

José compartilha do mesmo sentimento de muitos comerciantes. “Eu vou falar a verdade, para mim não foi bom, por que na realidade eu não queria que tivesse acontecido essa pandemia, gostaria que o pessoal tivesse livre espaço para trabalhar”, relata.

O nordestino, Edmilson Araújo, mora em Limeira, mas há 20 anos vende seus produtos na Feira Livre do município coelhense. “A pandemia pegou a gente de surpresa”, afirma o feirante, que não esperava ficar esse “tempo todo” parado.

“A renda principal na minha casa é a feira e então foi muito difícil esses cinco meses. A gente até tentou conversar com o prefeito para ver se deixava a gente trabalhar, mas sem chance. A gente até entendeu a situação porque as pessoas precisam se precaver, mas se Deus quiser vai melhorar”, espera.

Araújo estima cerca de 50% de faturamento perdido neste tempo que não pôde vender na feira.  “Nesses cinco meses a gente deixa de vender, fica com mercadoria parada. Então 50% a gente deixou de ganhar. Eu tenho comércio lá em Limeira e de lá tirei meu sustento neste período”, menciona.

Quem já passou pela Feira Livre da cidade já deve ter passado pela barraca da Glaucia Zambate Moureira. Segundo a feirante, no ano que ela montou o seu ponto não havia ninguém que vendia pamonha.

“Antes eu morava em Americana e trabalhava com minha família nesse ramo já. Mudei para cá já sabendo a profissão e dei continuidade. Em Engenheiro Coelho não tinha barraca de pamonha”, lembra.

Feirante há 10 anos, Glaucia mora em Artur e vai todos os domingos vender em Engenheiro Coelho. Esse tempo a fez conhecer o gosto da freguesia.

“Aqui vendemos pamonha, curau, bolo e o suco, mas ultimamente não trago o suco não, por que o pessoal aqui quase não toma. A pamonha é o que mais sai”, revela.

Durante a semana, ela costuma vender os produtos em Artur Nogueira, mas no período de pandemia passou a oferecer para a população coelhense também.

“No começo dessa pandemia foi bem difícil, porque a gente depende disso aqui, né?! A gente tinha conta para pagar… A gente não sabia quando iria voltar aqui e então passamos a vender pamonha na rua também. O pessoal já conhecia a gente e assim demos continuidade. Só que não vende na rua igual vende na feira”, expõe.

Assim como os outros feirantes, Glaucia também sofreu prejuízos pelo tempo parado. “Perdi bastante coisa, é que eu não tenho base, mas que eu perdi muita coisa perdi”,

Apesar no tempo difícil, a feirante tem esperança de as vendas aumentarem. “Minha expectativa é ótima com esse retorno. A turma já é acostumada com a gente aqui, teve gente que até conseguiu meu telefone pedindo entrega nas casas”, relata.

Vale ressaltar que o retorno da Feira Livre não isenta os cuidados frente a transmissão do coronavírus. Por isso, a equipe da Vigilância de Saúde está presente todos os domingos para orientar os feirantes e a população sobre os cuidados necessários. Além disso, o órgão pede a colaboração da população em alguns aspectos específicos.

Pedido Vigilância de Saúde

A Vigilância de Saúde do município pede a colaboração da população no que diz respeito à Feira Livre com relação alguns pontos.

  • Evitem levar crianças menores de 12 anos.
  • Idosos, pessoas com doenças crônicas procurem ir mais cedo possível, horário de menor movimento ou melhor, se possível, não vá.
  • Use máscara, essa ainda continua sendo uma das pequenas práticas que ajudam a diminuir a propagação do vírus.
  • Façam suas compras e ajudem nossos feirantes de forma que a circulação de pessoas fique ativa e não acumule no meio da rua.
  • Ao chegar em casa lave as mãos e faça higienização das suas compras.
  • A todos pré-candidatos evitem usar esse espaço nesse momento crítico como forma de promoção ou qualquer outro motivo para que evitem ao máximo aglomeração ou grupos de pessoas paradas em algum ponto.

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