18/03/2018

Idoso de Engenheiro Coelho está entre os melhores corredores do Brasil

São mais de 40 medalhas conquistadas

Michael Harteman

Uma corridinha de 15 quilômetros na terça, mais 15 na quinta e, para terminar a semana, ir e voltar correndo, de Engenheiro Coelho a Artur Nogueira (SP). Cansa só de pensar, não é mesmo? E se eu te disser que quem faz esse treinamento é Raimundo Silva Reis, prestes a completar 70 anos? Pois é, o homem não para. Nascido em 25 de março de 1948, na Bahia, esse senhor corre há décadas, começou a disputar competições em 2011 e não parou mais.

Se tem algo que não entra na vida de Raimundo,  é o sedentarismo. Pedreiro, ele acorda cedo para trabalhar. “Cinco e meia eu estou de pé”, conta o idoso que cuida das obras e da manutenção do condomínio Jacarandá, em Engenheiro Coelho. “A casa que eu moro foi eu mesmo que fiz, me mudei para cá em 2003”, relembra. O maratonista chegou no município para construir a casa de um amigo e não quis mais ir embora. Aos risos, ele exclama: “hoje posso dizer que sou um cidadão coelhense”.

Antes de morar em Engenheiro Coelho, Raimundo viveu por alguns anos em Santos (SP). Ele conta que gostava de correr na praia. “Sempre gostei de correr, é uma diversão pra mim”, afirma. No entanto, a primeira competição aconteceu na cidade de Campinas (SP), na Corrida Integração. Amor à primeira vista. Competição e Raimundo parecem que foram feitos um para o outro. “Não quis parar mais, a sensação é inexplicável, ver seu nome sendo chamado, as pessoas gritando, é muito bom”, exclama.

Desde que começou, esse morador de Engenheiro Coelho passou a colecionar medalhas. Venceu várias competições e tem diversos pódios em sua categoria. Os eventos que ele mais disputa são de meia maratona (21 quilômetros) e maratona completa (42 quilômetros). A última prova foi disputada no último domingo (16), onde conquistou o segundo lugar nos Jogos Regionais dos Idosos (Jori). “Agora vou para o estadual, no mês que vem em Praia Grande (SP)”, conta Raimundo.

Durante todo o bate papo com Raimundo, tem uma pessoa que observa atentamente, com olhos apaixonados. Trata-se de Maria Conceição dos Reis, esposa e companheira do atleta. “Ele é um exemplo para muita gente. Além disso, se cuida, todo ano vai ao médico para ver se está tudo certo”, conta Maria. Raimundo, o corredor, conta que só não conseguiu correr do amor de sua vida. “Essa mulher roubou meu coração”, emenda Raimundo.

São mais de 40 medalhas no currículo. Provas tradicionais como Volta da Pampulha e São Silvestre fazem parte das competições disputadas. “Sinto um prazer tão grande em correr que não consigo explicar, é bom demais”, conta. Mas se perguntar novamente, Raimundo explica. “Sabe, comecei a trabalhar muito cedo, com sete anos eu já pegava na enxada, brinquei muito pouco”, relembra. E acrescenta, “encontrei no atletismo a minha infância perdida”.

Raimundo conta as histórias com o mesmo prazer que corre. Fica feliz em mostrar o nome na revista Contra o Relógio, material especializado para corredores. “Tá aqui, olha, fiquei entre os 100 melhores corredores da minha faixa etária, isso do Brasil inteiro, sou o número 77”, comenta. Após mostrar a revista, Raimundo conta o segredo. “Não tomo refrigerante, durmo depois do Jornal Nacional, tenho uma alimentação quase toda integral e bebo bastante água”, explica o esportista.

 

São várias provas, diversas medalhas, mas Raimundo não está satisfeito. Ainda há uma prova que ele deseja muito disputar. “Quero correr a maratona de Nova Iorque, ainda vou fazer isso”, planeja. Simplicidade, dedicação, sorriso no rosto e simpatia. Esse é Raimundo que ensina com o sem próprio exemplo. “É possível envelhecer com saúde, eu sou a prova disso, o que um jovem faz eu também faço”, ensina.

Raimundo é, de fato, a prova viva de que nunca é tarde para sonhar, para fazer e para melhorar a qualidade de vida. Corre Raimundo! Corre por aí mostrando que é possível. Corre!

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