Mulher conta drama de ter perdido esposo para o coronavírus em Engenheiro Coelho

Da redação

A tecnologia está fazendo a diferença na vida de famílias de Engenheiro Coelho durante a pandemia do novo coronavírus. Os aplicativos são ferramentas que estão unindo quem está em hospitais, com parentes na cidade. Foi assim que a família de Wagner Francisco conseguiu acompanhar seus últimos dias de vida, após ir para internação em Limeira, sem a possibilidade de visitação por ter contraído coronavírus.

Wagner Francisco era motorista de caminhão e morreu após oito dias de internação em um Hospital de Limeira (SP). A dona de casa Cristina Brito Francisco, esposa de Wagner Francisco, mais conhecido como ‘Lemão’, passou a viver a rotina de ter contato com o esposo apenas pelas chamadas de videoconferência. Muito emocionada, contou à nossa reportagem todo o drama que envolveu seu companheiro e a doença que está levando à óbito milhares de brasileiros.

Primeiros sintomas

De acordo com Cristina, as dores pelo corpo foram os primeiros sintomas que o esposo apresentou. Isso fez com que ele fosse com sua família até o Posto de Atendimento à Família de Engenheiro Coelho.

Só que ao quinto dia, a situação foi se agravando fazendo com que Wagner sofresse com problemas respiratórios e fadiga. Ele voltou ao posto de saúde agora também apresentando febre, ou seja, todos os sintomas do coronavírus.

No atendimento hospitalar, Wagner passou por um procedimento de exame de raio-x e também o exame para tentar diagnosticar o Covid-19, mas de acordo com Cristina o resultando ainda era aguardado.

“Ele começou a ter muita febre e falta de ar. Ele voltou ao PSF quando foi levado para Limeira”, conta Cristina se referindo ao encaminhamento de Wagner para a internação.

Internação

Wagner ficou 8 dias recebendo os cuidados médicos em um leito de um hospital de Limeira. E para saber do estado clínico de seu esposo, Cristina obtinha estas informações por um contato telefônico, impossibilitada de visitá-lo.

“Foi angustiante. Pois nós ficávamos aqui esperando notícias e eles demoravam para ligar, pois era só uma vez por dia que eles ligavam lá pelas 16h30… então ficávamos angustiados”, conta Cristina.

Cristina relata que sua saudade, assim como dos seus filhos, era amenizada graças à uma enfermeira do hospital que realizava chamadas telefônicas, as vezes com vídeo para que a comunicação fosse feita entre a família e Wagner.

“Para ele conversar um pouquinho com a gente, a gente conversar um pouquinho com ele… foi a última vez que nós vimos ele, eu e as crianças. Mas é angustiante a sensação de saber que uma pessoa está internada e você não pode nem vê-la”, relata Cristina, esposa de Wagner.

A esposa, muito abalada com a recente morte de Wagner, lembra que o esposo era cuidadoso com sua higiene para não ser contaminado.

Por ser um motorista carreteiro, Wagner era sempre muito cuidadoso em lidar com as formas de prevenção do coronavírus em suas viagens e nas empresas em que descarregava suas cargas.

“Ele sempre tinha todos os cuidados na empresa, tanto que lá também na empresa em que descarregava, fazia medição de temperatura, todos os cuidados da entrada dos trabalhadores”, lembra Cristina.

A suspeita é que Wagner tenha contraído o coronavírus na cidade de Engenheiro Coelho, pois Wagner é quem costumava ir à supermercados realizar a compra de alimentos para sua família.

Emocionada ainda com a perda de seu esposo, Cristina alerta a população com um pedido. Para ela, é necessário que todos se cuidem e tomem o máximo de precaução contra a doença.

“A mensagem que eu deixo é que temos que nos cuidar. Cuidar um dos outros…”, encerra a entrevista emocionada.

Wagner Francisco faleceu no dia 31 de julho em Limeira (SP) vítima de coronavírus. O motorista carreteiro deixa a esposa e cinco filhos.