09/08/2020

Pai coelhense conta sobre valores e como formou a filha em medicina

“Você não é pai a partir do momento que a criança nasce, você passa a ser pai desde o momento que gerou a criança”, afirma Valdir Reis

Isabella Anunciação

De jaleco branco e estetoscópio no pescoço é fácil identificar que o profissional é da área da saúde. Mas por trás desses apetrechos existe uma história de desafios, que só quem conquistou para usá-los sabe contar. A coelhense, Jéssica Reis, cursou medicina em uma faculdade do Rio de Janeiro e, para ela, o apoio do pai foi fundamental para realização desse sonho.

Valdir Reis nasceu e cresceu na agricultura, como o mesmo diz. Seus instrumentos de trabalho são brutos ao comparar com os aparelhos usados em um hospital. Mas essas diferenças se complementaram para a profissão de sua filha que sonhava em ser médica desde criança.

Como tudo começou

Crescido e criado em Engenheiro Coelho, Valdir Reis fez um curso técnico em agropecuária aos 16 anos de idade, e seguiu na área até hoje, como produtor rural. Passados nove anos, ele ainda estava em fase de crescimento profissional, quando recebeu a notícia que seria papai.

“Ela nasceu em um momento no início da construção de tudo, a questão financeira estava difícil, estávamos lutando para ter melhorias. Estava iniciando nossa vida de todas as formas, família, poder aquisitivo, crescimento na área agrícola, enfim, mas valeu muito a pena”, relembra.

Uma relação perfeita entre pai e filho não existe, porém, Valdir se preocupou desde o início em dar o seu melhor. “Imaginava ser um pai bastante companheiro do filho ou da filha, um pai que iria incentivar a lutar muito pelas conquistas da vida, respeito as pessoas, um pai que iria lutar muito pelos filhos”, conta.

Além de planejar ser um pai presente, na prática, o diálogo foi fundamental para o relacionamento se desenvolver entre ambos. “Eu aconselharia os pais serem amigos dos filhos, ter dialogo e saber entender cada fase. Você tem que ter a confiança do seu filho desde de pequeninho e isso só faz com diálogo”, afirma.

O sonho

“Sempre quis ser médica”, recorda Jéssica, que sonhava com a profissão desde os oito anos de idade. Ao longo dos anos, percebeu sua aptidão na área de biológicas, o que me fez ter certeza que medicina seria a escolha certa.

O dito popular diz que o conhecimento é a única riqueza que ninguém pode roubar. Foi com esse pensamento, que Valdir priorizou os estudos de sua filha. “Meu pai sempre trabalhou na agricultura e minha faculdade era particular, portanto, houve muita dedicação, muito esforço e luta para que eu pudesse concluir o curso. Ele sempre priorizou os meus estudos”, relata.

Desde pequena, seu pai dizia que ela precisava ser uma mulher independente, para escolher algo que gostasse e, então, lutar por isso.  Mas mais significante que suas palavras, foram seus atos e história de vida que serviram de inspiração para Jéssica.

“Meu pai é um exemplo de amor e honestidade. É guerreiro para mim. Ele veio de uma família de origem simples e humilde, teve que enfrentar muitas dificuldades em sua vida. Tudo o que ele conquistou em sua vida foi com esforço e dedicação”, lisonjeia.

A presença do pai, somada a da mãe, foi o pilar que fortaleceu Jéssica a concluir o curso que durou seis anos.

“O que foi mais difícil para mim foi a distância da família. Outro fator bastante difícil também foi a localização da faculdade, baixada Fluminense, uma região violenta […] eles me davam muito apoio e diziam que valeria a pena toda a distância da família. Em alguns momentos que o medo se agravava, eu cheguei a pensar em desistir, mas, ao mesmo tempo, era doloroso pensar nisso. Então, fui aguentando firme. E meus pais estavam do meu lado para qualquer decisão, ficando ou largando a faculdade”, pondera.

“O que o meu pai sempre me ensina é que, por mais difíceis que as coisas sejam, mesmo que encontremos pessoas no caminho que tentam nos derrubar, não podemos desistir. E que nossas conquistas nunca devem ser de forma que alguém seja prejudicado. E sempre que alguém precisar de nossa ajuda, devemos fazer! ”, reitera

Jéssica começou a faculdade com 20 anos e, atualmente, trabalha como clínica e faz especialização em medicina do trabalho.

Ser pai

Para o produtor rural, a função de pai começa muito antes da criança nascer. “Ser pai é você arcar com as responsabilidades desde o primeiro momento que você sabe que será pai. Por que, pai você não é a partir do momento que a criança nasce, você passa a ser pai desde o momento que gerou a criança. É um cuidado que você tem que ter, um amor, um tratamento com a mãe do seu filho, porque isso vai ajudar muito em quem vai ser o seu filho ou filha lá na frente”, aconselha.

Ao ver sua filha formada e trabalhando, admiração é a palavra que define a sensação de Valdir Reis.

Me sinto um pai realizado, pois vejo a educação do ser humano a maior riqueza de tudo, e ver minha filha uma médica, fico muito feliz e realizado, pois vejo que deixei uma herança que ninguém tirará dela, sua profissão”, esboça seu sentimento.

“Admiro a filha que ela é. Caráter, honestidade, o profissionalismo dela, a transparência, são dela e ninguém tira’, conclui.

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