03/12/2020

Paradeiro de caixa d’água causa dúvida em moradores de Engenheiro Coelho

Caixa d’água foi entregue no mês de outubro e removida em novembro

Da redação

Moradores do Cidade Universitária em Engenheiro Coelho questionam o paradeiro da caixa d’água que estava a mostra na entrada do bairro aguardando para suposta instalação. O reservatório foi entregue no início do mês de outubro e removida no dia 27 de novembro. Segundo moradores, a aquisição foi feita através de doações de um grupo de empresários da região.

Quando a caixa d’água foi entregue causou burburinhos na população que sofre há anos com a falta de água frequente no bairro. “Foi uma surpresa, realmente. Imaginei que seria a solução pra nós. Moro aqui há anos e passou da hora de resolver esse problema”, ressalta André Carlos, morador do bairro.

O que André e outros moradores não sabiam é que a história não acabaria ali. Muitos ficaram desconfiados da procedência e intuito de tal doação, visto que era período de eleição e alguns candidatos reivindicam a conquista em grupos do whatsapp do bairro.

História da doação da caixa d’água

A Associação de Moradores declara que não houve formalidade na doação. “Vimos pela câmera que entregaram às 8h da manhã do sábado […] Ninguém nos procurou para nada”, afirma. Para receber a caixa d’água é necessário um documento de doação devidamente assinado e protocolado.

Através de um áudio divulgado no WhatsApp, um funcionário da empresa proprietária da caixa d’água, alega que o material faz parte de um acordo com o atual prefeito apoiado pela empresa. Caso o partido continuasse no poder, a empresa enviaria uma caixa d’água ainda maior para a instalação no bairro.

“Aqui é o André, eu quem faço a região aí de vendas externas. Isso aí não é doação, por hora, está emprestado. Nosso chefe tem um negócio com o prefeito, ele está no segundo mandato e só vamos aguardar a reeleição. Nós estamos apoiando-o na região aí, nós emprestamos e ele se reelegendo, que esperamos que ela vá, aí nós vamos fazer o reservatório e ele vai doar e pagar para vocês. Será uma igual a essa, mas alta com 130 mil litros”, expõe em áudio.

No dia 27 de novembro, a empresa retirou a caixa d’água do local. A situação causou mais indignação entre moradores do bairro. O morador, Oziel Caetano, acredita que a doação seria por interesse político. “Passou a eleição, o partido dele não ganhou e agora está levando a caixa d’água embora”, afirma.

A Associação do Bairro também questiona a retirada do equipamento. “Estão levando a caixa d’água embora por quê? Sobre a administração da água da Saeec vai ter sim ano que vem na nova gestão, mas se foi doação, por que ela está indo embora agora?”, questiona Marcela de Moraes.

Problemas de saneamento básico

Os problemas com relação ao saneamento básico são presentes no bairro desde seu surgimento. Seu desenvolvimento foi através de vendas de lotes sem mínima estrutura para habitação, motivada pela alta procura de moradias em torno do Centro Universitário Adventista de São Paulo. Segundo uma ex-funcionária de uma das imobiliárias responsáveis pelo loteamento, que não quis se identificar, o intuito inicial era criar um ou mais condomínios. A falha dessa iniciativa causada pela fragmentação dos terrenos e falta de organização deu origem ao que hoje é o bairro Cidade Universitária.

O bairro é formado em sua maioria por estudantes e famílias de média e baixa renda, que vem estudar no centro universitário, e acabam se deparando com os diversos problemas de infraestrutura. Ainda segundo a ex-funcionária, moradora do bairro há 15 anos, “nem a faculdade e nem a Prefeitura investem no local, fazem apenas o mínimo para a sobrevivência, nem CEP nós temos, para a Prefeitura esse bairro é só uma fazenda, mesmo sendo maior que alguns bairros de engenheiro”, alega.

Atualmente o bairro possui dois poços artesianos para fornecer água há cerca de mil moradores, mas ainda não há nenhum sistema de esgoto no bairro.

O Portal Coelhense entrou em contato com prefeitura de Engenheiro Coelho, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. O prefeito Pedro Franco também foi procurado, mas não conseguimos contato via telefone.

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