11/03/2018

Pesqueiros atraem centenas de pessoas em Engenheiro Coelho

Cidade conta com quatro pesqueiros

Michael Harteman

O ditado popular que diz ‘Tá nervoso? Vai pescar’ é levado à serio por muita gente em Engenheiro Coelho. O estresse, irritação e mau humor são sintomas comuns nos dias de hoje e, para essa turma, pescar é o melhor remédio. Prova disso é que a cidade conta com quatro pesqueiros que atraem centenas de pessoas da região. Por sinal, quando o Poder Executivo tenta ‘vender o peixe’ de cidade turística, coloca os pesqueiros como parte da argumentação.

Tem gente de todo lado, das mais variadas profissões e com vários níveis de conhecimento sobre a pesca. Ver os pesqueiros cheios é bastante comum aos finais de semana. Além de moradores locais, diversas cidades são representadas por pescadores. Alguns vêm com os amigos ou familiares, outros, sozinhos. É idoso, jovem, empresário, vendedor, motorista, não importa. Quando entram no pesqueiro, preparam o material e se sentam na espera do grande peixe, se tornam, ‘apenas’, pescadores.

Quem vem sempre com os amigos é Sidney Salvador Ferreira. Morador de Limeira (SP), ele conta que pescar sempre acalma a mente, ou melhor, quase sempre. “Ah, tem horas que dá nervoso também né, quando não pega nada”, exclama Sidney. Outro ponto positivo abordado por ele são as amizades feitas durante a atividade. “A gente acaba fazendo bons amigos”, acrescenta. A prosa termina quando ele vê a boia (objeto que serve para detectar a possível presença de um peixe) se movimentar. Deixa o homem, agora ele está concentrado.

Florindo Boscariol começou a pescar quando tinha oito anos. Não enjoou. Aos 82 ele segue firme. Basta ser perguntado sobre a pesca para que o sorriso apareça em seu rosto. “É bom demais,  já é uma tradição em minha família”, comenta o simpático morador de Rio Claro (SP). Boscariol não pensa em parar, conta os dias para começar a preparar as iscas e varas, na tentativa de pegar um grande peixe. “Eu venho sempre, já vim com mais frequência, atualmente estou aqui de quinze em quinze dias”, comenta.

Boscariol começou a pescar com o pai, aos 8 anos

O dono de um dos pesqueiros, Damião Francisco Rodrigues, explica que a pesca aos finais de semana centenas de pessoas enchem o pesqueiro. “Tem vez que vai gente embora por que não tem mais lugar, é gente de todo lado, são muitas pessoas das cidades da região de Campinas que vem pra cá”, afirma Rodrigues, que comprou e aumentou o pesqueiro Arco Iris há cinco anos. Mas a pesca não é só um negócio para ele. Sorridente, quase que gargalhando, Rodrigues exclama: “Isso aqui é uma paixão rapaz, é uma verdadeira terapia, amo demais esse negócio”, afirma apontando para os sete tanques do lugar.

Se quem pesca já é cheio de histórias de pescador, imagina então o Rodrigues, dono de pesqueiro. “Cara, se contar ninguém acredita, mas uma vez um cara veio aqui e pescou dois peixes com uma vara só”, afirma. Como assim? É a pergunta que vem em mente. “Foram dois pacus, um no anzol e outro veio laçado na linha, dois peixes grande”, explica Rodrigues. Tá certo, história contada.

Quando você imagina alguém pescando, ouvindo uma música bem baixinha, que música imagina? Uma música caipira? Sertanejo? Não é o caso de Jaime Barbosa. Sentado e envolvido por todos os utensílios da pesca, ele arruma um espaço para colocar o celular, que toca um clássico Rock do ACDC. “É o que eu gosto, fico sossegado, tranquilo. Aqui não tem estresse e nem problema, a gente esquece de tudo”, comenta Barbosa, morador de Conchal (SP).

Jaime Barbosa pesca ao som da banda de rock ACDC

Dá até vontade pegar uma vara e começar a pescar. Deve ser fácil, taca-lhe uma isca no anzol e joga na água, só esperar. Nada disso, a atividade exige experiência, sabedoria e destreza. Natalino Nicolau tem tudo isso, pesca há mais de trinta anos. “Hoje estou pescando tilápia, então não dá pra pescar pacu”, solta Nicolau. Surge novamente uma pergunta. Por que? “Oras, tem vara de pacu e vara de tilápia, se o pacu vier ele arrebenta a vara”, elucida Nicolau.

Nicolau pesca há 30 anos

Mas tudo bem, se deu vontade, o que não falta é personagem para explicar a nobre arte da pesca. São diversos os tipos de pesca que os pesqueiros oferecem. Além disso, os locais normalmente oferecem tudo que o marinheiro de primeira viagem precisar. Isca, varas, molinetes. Tem tudo para vender. Enfim, tá nervoso? Vai pescar.

Foto de Tiago Fialho

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