23/07/2017

Professora de Engenheiro Coelho participa de projeto humanitário na Amazônia

Formada em Letras, Regina Mota é musicista, professora e, durante as férias, missionária

Da redação

Quando se fala em projetos humanitários, logo vem à mente locais como África, Arábia Saudita e Índia. Os famosos missionários geralmente percorrem longos caminhos para desempenhar diferentes trabalhos em localidades carentes fora do país. No entanto, a entrevistada do Portal Coelhense deste domingo (23), indo contra esse pensamento comum, mostra que é possível fazer a diferença sem antes ter de cruzar as fronteiras do país.

Formada em Letras, Regina Mota é musicista há mais de 25 anos, e construiu na música uma longa e gloriosa carreira. Conhecida no mundo gospel por seus diversos trabalhos gravados, Regina dá aulas para o curso de Música do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) campus Engenheiro Coelho e participa, durante as férias, de projetos humanitários na Amazônia. Casada há 25 anos e mãe de um garoto de 13, a também cantora define suas experiências em ‘missão’ como transformadoras de vida.

Quando criança, sonhava em ser escritora e se formou em meados dos anos 1990. Apaixonada desde muito cedo por aventura, Regina participou de seu primeiro projeto missionário ainda quando estava na faculdade. Nessas férias de julho, há duas semanas, a professora participou de um projeto missionário em uma comunidade ribeirinha da Amazônia. Nesta reportagem, você acompanha informações a respeito dessa e de outras experiências de vida de Regina Mota.

Leia na íntegra a entrevista:

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Dentro da música, quem foram as suas principais inspirações? Meus pais sempre me inspiraram muito no mundo musical. Minha mãe tocou piano a vida inteira e foi regente de coral de igreja. Meu pai cantou na primeira formação do quarteto Arautos do Rei (grupo masculino conhecido no meio gospel) e sempre ensaiava conosco músicas com boas harmonias. Quando nós viajávamos em família, sempre cantávamos músicas folclóricas em vozes no carro, então cantar era algo bem natural.

Quais foram seus primeiros passos na música? Como todos da minha família cantavam e tinham facilidade na música, eu acabei fazendo aula de piano e, mais tarde, de clarinete. No entanto, a música sempre foi vista por mim e por minha família como um hobby. Eu demorei muito a enxerga-la como uma profissão. Meu sonho de infância era ser escritora, por esse motivo segui na faculdade de Letras, então eu tinha um vislumbre de qual seria minha carreira e do que eu faria depois de me formar.

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Quando você descobriu que esse realmente era o caminho profissional que você deveria seguir? Essa “ficha” caiu aos poucos. Eu comecei a dedicar, de maneira natural, mais tempo para esse lado musical da minha vida, e as atividades relacionadas à minha formação acadêmica – como dar aulas de inglês e português, e fazer traduções – começaram a ficar em segundo plano. O que era hobby, veio a ser profissão aos poucos e isso tudo aconteceu de forma bastante intuitiva.

Depois de vários anos de estrada, você veio a ser uma professora de Música do Unasp. Como você caracteriza essa experiência profissional? Ser professor é ter um dom, é como se você recebesse um chamado. Eu tive minhas primeiras experiências de sala de aula muito antes de chegar à música e ao próprio Unasp. Em minha época de Ensino Médio, aos 17 anos, eu lecionei aulas de inglês e português em alguns cursos. A sala de aula é um lugar que eu me sinto muito bem, então aprender tudo isso foi bastante prazeroso. E eu sempre gostei de dar aulas. A troca de informações com os alunos é algo surpreendente. Felizmente, eu gosto muito do que faço, e isso é ponto fundamental ao lecionar. Na sala de aula, eu aprendo diariamente a lidar com as diferentes facilidades e dificuldades dos meus alunos. É um exercício diário.

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Qual é a relação entre sua formação em Letras e suas experiências no mundo da música dentro de sala de aula? Todo conhecimento é válido, e isso com certeza interfere em minhas aulas. Eu inclusive tinha um professor que dizia para eu fazer minha tese de mestrado com ênfase na mistura da poesia e da música, ligando os dois assuntos, mas preferi seguir o caminho da regência. No Unasp, eu sou acadêmica do curso de Música, e acredito que o conhecimento em Letras ajuda sim.

Importância dos compositores: Acredito que alguns pontos importantes do início da minha carreira foram os encontros profissionais que tive com grandes músicos, como Lineu Soares, Jader Santos e Evaldo Vicente. Eles me tiraram do lugar de pessoa que via a música como um hobby para me fazer entender que este poderia sim ser uma profissão e uma carreira a ser seguida. Ao mesmo tempo que eu dava voz às canções que eles compunham, eles me davam a oportunidade de encontrar minha própria identidade vocal.

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Projeto humanitário: por quê?  Essa história de participar de um projeto voluntário começou cedo, em minha época de faculdade, quando um amigo meu que morava nos Estados Unidos veio para o Brasil com um grupo de estudantes para participar de um programa desses e me convidou. Eu sempre tive um espírito aventureiro e queria muito participar dessas iniciativas, mas na época elas não eram comuns por aqui. Quando surgiu a oportunidade, eu fui! Eu fiquei responsável por traduzir o que os americanos não conseguiam entender e participei de tudo junto com eles. Foi uma experiência ótima. Depois de lá, eu parei por um tempo e só fui voltar a participar das ‘missões’ quando meu filho chegou.

Ultimamente, você participou de dois projetos humanitários na Amazônia. Qual é a sua principal motivação para voltar, depois de alguns anos, a participar desses projetos? Meu filho. Ele foi o principal motivo pelo qual comecei a participar desses projetos humanitários. A missão voltou para a minha vida quando eu tive o Léo. Eu acho que a gente vive em uma ‘bolha’. Eu nem sempre vivi aqui, mas era a realidade em que eu via meu filho, e eu não queria que ele achasse que o mundo era assim. A princípio, eu levava ele nas minhas cantorias e ficava incentivando o Rolf, meu marido, a levar ele para as missões que ele fazia. Até agora, o Léo já participou de várias.

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*Foto por Fernando, do Salva-Vidas Amazônia

Sua família participou junto de alguns projetos humanitários. Qual é importância de participar dessas atividades em família?  Meu marido queria ter um ministério na área dele, que fosse de construções, já que ele é arquiteto. Participar desses projetos em família é uma maneira de nos unir mais ainda e também é um jeito de não ficarmos em uma zona de conforto. Embora meu ministério me dê um certo desconforto – noites mal dormidas, viagem de ônibus, ter de dormir sentada -, eu faço isso há mais de 25 anos, então estou acostumada com tudo. Participar das missões nos dá, tanto pessoalmente, quando em família, uma concepção melhor de como podemos ser úteis para outras pessoas e de que estamos juntos em um mesmo propósito.

Educação como foco da missão: Outro diferencial que me encanta nesse tipo de ministério é o fato de ele ser voltado, em sua maior parte, para a educação. Eu sempre pedi para Deus que me desse a oportunidade de ser útil na área da educação, tanto no meu trabalho, quanto nas minhas ofertas e realizações pessoais. Eu sou uma pessoa que acredita demais na educação como transformadora de vidas. Então, isso está me dando muita alegria. As oitenta picadas de mucuim, os dias de “passar mal” no barco, as bolhas nas mãos por causa do trabalho, nada disso tem a menor importância quando eu peso com a alegria que me dá ao ver a transformação feita na localidade onde estamos construindo as salas de aula. No ano passado, nós pintamos duas salas. Neste ano, o número de alunos cresceu, crianças de comunidades há uma hora e meia de distância de barco vêm assistir as aulas na comunidade (as mães trazem e buscas as crianças todos os dias), e agora são três salas de aula com professoras para os alunos em diferentes faixas etárias. Essa mudança aconteceu em um ano. É muito emocionante!

Na sua visão de missionária, quais são as principais mudanças que as missões exercem sobre as comunidades auxiliadas? As pessoas daquelas comunidades, a cada férias que retornamos, têm um pouco mais de contato com a nossa realidade, e nós com a deles. É um aprendizado mútuo. Algo que com certeza fará diferença na vida dessas crianças é o contato direto com a educação. O ensino dará a eles a possibilidade de ter um leque para escolher o que querem ser no futuro. É algo maravilhoso e crescente!

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*Foto por Fernando, do Salva-Vidas Amazônia

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*Foto por Fernando, do Salva-Vidas Amazônia

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*Foto por Fernando, do Salva-Vidas Amazônia

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