11/08/2020

Queimadas incomodam moradores em bairros de Engenheiro Coelho

Alguns moradores colocam fogo em lotes vagos para se desfazerem de entulhos e lixos

Isabella Anunciação

Queimadas estão incomodando moradores dos bairros Cidade Universitária e Chácara Primavera em Engenheiro Coelho. Lotes vagos são alvos de entulho e de fogo por alguns moradores. A ação acontece com frequência e tem incomodado a vizinhança e pessoas que sofrem com problemas de respiração.

Moradores dos bairros Chácara Primavera e Cidade Universitária presenciam quase toda semana focos de incêndio em lotes vagos da região. André Carlos da Silva Lira mora há três anos em um dos bairros e relata que sempre enfrentou este problema.

“Moro no Universitários há 5 anos e especificamente na Chácara Primavera há 3 anos. Desde que cheguei aqui vejo os entulhos ali. Enxergo como um risco para a saúde de todos aqui, especialmente para crianças e pessoas com problemas respiratórios, quando tem as queimadas”, relata.

Além da fumaça afetar as crianças e os idosos, por serem mais sensíveis, ela também prejudica as vias respiratórias, agravando os quadros de doenças prévias, como rinite, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Como é o caso da senhora Maria Aparecida Rodrigues, que encontra dificuldade para respirar devido a fumaça.

“A noite a gente vai dormir, mas não consegue porque o ar está poluído e com fumaça. Se tem criança em casa, as crianças ficam com mal-estar, sofrendo com problema respiratório. Com essa falta de chuva o ar fica muito seco e com essas queimadas faz mal para todo mundo”, expõe.

“Desde que eu moro aqui, no bairro Universitário, sempre vi queimadas. As pessoas tiram os entulhos do quintal e põe fogo. Os vizinhos colocam fogo quase toda semana nos matos que eles capinam ao invés de deixar secar e colocar em outro lugar”, completa.

Os pais da munícipe, Joseane Carvalho, são da terceira idade. Além das queimadas influenciarem na saúde do casal, ela também acarretou a perda de alguns bens da família. “Alguns meses atrás esse fogo foi para o sentido das chácaras e chegou perto da casa de meus pais, destruindo as plantações (cana, mandioca, bananas), o pasto do gado e o galinheiro”, conta.

De acordo com Joseane, esse tipo de situação coloca a população em risco. “Já é a segunda vez que colocam fogo exatamente neste canto do Primavera e ele acaba se alastrando, devido ao vento, e tomam rumos que colocam em risco a segurança das pessoas”, relata sua preocupação.

Resto de material de construção, móveis velhos, entulhos e lixos domésticos são algumas das sujeiras que poluem os bairros. Ana Carla Almeida Pereira declara que os entulhos são dos próprios moradores e outras sujeiras são deixadas pelo carro de lixo. A analista de Marketing mora há 12 anos no bairro Cidade Universitária e se sente prejudicada com esta situação.

“Esses lixos atraem animais peçonhentos, ratos e algumas pessoas que não vivem no bairro ficam dentro dos terrenos ou das casas vazias e abandonadas”, queixa. Segundo a munícipe, os moradores precisam ser responsáveis. “Para resolver essa situação, vai depender da consciência dos moradores, os donos dos terrenos limpar ou serem multados se não deixarem o terreno limpo e a prefeitura tirar esses entulhos, podar as árvores e organizar”, enfatiza.

Para o estudante André Lira, os moradores precisam se unir para resolver este desconforto. “Os moradores jogam o lixo ali, uma vez que o caminhão de lixo não leva, e acredito que estão certos em não levar. Por isso, me coloco a disposição e sei que outros moradores aqui também fariam de recolher móveis velhos, mato ou qualquer outro entulho e levar para o local apropriado ou providenciar algum caminhão que possa fazer esse serviço.  Porque sei que qualquer esforço para evitar isso será muito melhor do que deixar acontecer novamente essa queima de entulho aqui no bairro”, exclama.

Posicionamento da Defesa Civil

 O Portal Coelhense entrou em contato com o coordenador da Defesa Civil, Dagoberto Inácio de Lima, e questionou sobre os focos de incêndio que acontecem com frequência na região do bairro Cidade Universitária.

 O coordenador explica que a Defesa Civil faz vistorias periodicamente, uma média de duas a três por semana. “Apagar focos de incêndio é função do Corpo de Bombeiro, mas a gente tem um caminhão aqui no município que faz esse trabalho quando necessário. Por exemplo, quando tem um incêndio de cobertura vegetal ele faz a contenção, quando não dá, vem o Corpo de Bombeiro”, esclarece.

Em relação a ocorrência do dia 6 de agosto no bairro Cidade Universitária e região, ocasião em que foi colocado fogo em entulhos, Lima comunica que sua equipe foi até o local. “Nesse caso, não é possível apagar. Nosso caminhão foi até o local e fez o resfriamento. Depois veio o caminhão do Corpo de Bombeiro de Paulínia e ajudou no resfriamento. Como o fogo aconteceu em entulho, ele provoca calor interno e exala fumaça”, reitera Lima.

“Eu acredito que é uma cultura da população destes bairros colocar fogo em lixo […] “Existe no bairro Cidade Universitária vários focos de incêndio separados. Eu não sei o porquê, mas de todo Engenheiro Coelho essa é a região que mais está tendo número de ocorrências. Levando o volume de população, área de metros quadrados, o nível está altíssimo”, pontua.

Para resolver este problema, o coordenador conta a colaboração dos moradores. “Não espere o fogo começar. Procure ver quem está colocando e, se souber de alguém, faça uma denúncia anônima. Se não, a gente nunca vai conseguir chegar em resultado final”, pede.

Tempo

Além deste pedido, Lima alerta que é preciso fazer um trabalho de conscientização no local e mostra sua importância.  “Anos atrás, o maior número de focos era da área rural, pois o pessoal tinha o costume de fazer queimada para limpar pasto […]. Fizemos um trabalho de conscientização sítio por sítio, pedimos para aceirar em volta da propriedade e, a partir deste trabalho, diminuiu 70% das ocorrências de foco dos incêndios”, relata.

Alguns moradores questionaram sobre o tempo que a Defesa Civil leva para prestar o serviço. Nestes casos, o coordenador explica que a cidade tem apenas um caminhão pipa para este tipo de situação.

“A gente está nesta época, em período de estiagem. A umidade fica baixa e qualquer fagulha já é o suficiente para começar o fogo. Neste período, começa a ter vários incêndios em cobertura vegetal. […] Demanda tempo para solucionar as ocorrências, as vezes a população fica desesperada por causa do tempo, mas temos apenas um caminhão para solucionar todas as ocorrências”, informa.

“Em relação aos bombeiros, eles atendem Paulínia, Artur Nogueira, Engenheiro Coelho e outras cidades. Eles têm apenas duas viaturas para atender todas as cidades, então, em casos de cobertura vegetal, é mais difícil deles atenderem. Eles vão priorizar incêndios maiores, casas, residências, onde existe risco de vida”, reitera.

Posicionamento da Prefeitura

Diante dos entulhos nos lotes, a Prefeitura de Engenheiro Coelho informa que é responsável apenas por limpezas em locais públicos. Lotes particulares é de responsabilidade do proprietário.

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