SAEEC reativa corte de água em Engenheiro Coelho

Isabella Anunciação

Os moradores de Engenheiro Coelho, que estão inadimplentes, poderão sofrer corte do serviço de água a partir da próxima segunda-feira (3). Devido a pandemia por Covid-19, o Serviço de Água e Esgoto (SAEEC) da cidade ficou três meses sem restringir o abastecimento, entretanto, voltará a fazer o corte de água para aqueles que estão com contas atrasadas a mais de 90 dias.

O SAEEC atende um total de 29 bairros em Engenheiro Coelho. Deste número, a autarquia tem 678 cortes para executar a partir do dia 3 de agosto. Esta ação engloba casas e estabelecimentos comerciais que estão com contas ultrapassando 90 dias de atraso.

A medida foi tomada frente ao aumento do consumo de água pela população, aumento dos custos dos insumos por falta de produção e oferta no mercado aliado a alta inadimplência. Além do mais, o órgão não recebe subsidio do governo.

“O SAEEC é uma autarquia pública que não recebe qualquer tipo de verba de governo nenhum para enfrentar o Covid-19, por isso sobrevive unicamente da sua contraprestação de serviço, que é a parte de água e a parte de esgoto. O que ela presta de serviço é o que ela cobra. Se eu não cobrar as dívidas, posso entrar em um processo de falência”, explica o procurador jurídico, Erismar Bastos. Segundo ele, a receita caiu 54% só no mês de julho.

Aumento do consumo

Os bairros João Fávero e Residencial Sonho Meu tiveram cerca de 23% a 30,55% no aumento do consumo de água nos últimos três meses. “Se a gente pegar esses dois bairros de ilustração, desde o início da pandemia, sem considerar o mês de março, é possível observar entre abril para maio e maio para junho, um aumento em média de 23% a 30,55% do consumo de água. Isso dá para projetar um pouco mais ou um pouco menos nos outros bairros também”, descreve Erismar.

Método para analisar comportamento de cada morador, e do bairro como um todo, foi aplicado para averiguar a quantidade de consumo nos últimos três meses – período em que não houve corte de abastecimento feito pelo órgão. “Quando analiso per capita de alguns dos moradores vejo que, alguns que consumiam 7 m³ de água em janeiro, fevereiro e maço, com o início do decreto pela pandemia, pularam seu consumo de água para 35 m³. Eles tiveram um aumento de 500%. Então o cidadão achou que com o decreto de pandemia, ele não iria pagar nada, aí de forma abusiva ele aumentou o consumo dele”, expõe.

A análise também observou moradores com 22% de aumento do consumo e outros com 111%. De acordo com Erismar, essas pessoas que apresentaram consumo abusivo, e estão inadimplistes, serão as primeiras a sofrerem o corte. “Quando chegar a data do corte, nós vamos cortar primeiro aquele que está devendo mais de seis meses atrás e aquele que deste momento de pandemia não pagou a conta e/ou fez um consumo abusivo”, informa. “Nós vamos fazer um corte responsável e pontual, depois vamos entrar na rotina daqueles que devem mais de 90 dias”, complementa.

Atualmente, o valor da conta está R$15,80 para o indivíduo que consume até 5m³ de água. De 6m³ a 10m³, R$ 3,53. De 11m³ para cima, R$4,64. Sendo assim, uma pessoa que consumir 20m³, terá que multiplicar por R$4,64. O resultado é o valor do metro cubico da água quando se consume mais de 11 metros.

Em relação a inadimplência, os juros cobrados são de 1% ao mês, de acordo com a correção mentária, e uma multa de 2%.

Petição Pública

Devido a divulgação do corte de abastecimento de água, uma petição pública foi criada a fim de levantar assinaturas contra a ação do órgão. O texto argumenta que a cidade possui “muitas famílias que sequer tem alimentos suficientes para seus filhos, e que algumas famílias nem mesmo conseguiram serem aprovados para receberem o Auxílio Emergencial, estão vivendo somente com o básico através de doações”.

Por isso, a petição seria um meio de mostrar “para nossas autoridades que não é o momento de tal arbitrariedade contra nosso povo coelhense que enfrenta diversas dificuldades, não desejando que a falta de água seja mais um problema”.

Diante dessa atitude, o SAEEC informa que independentemente de qualquer petição, o corte será feito a partir do início de agosto. Entretanto, o morador pode fazer um pedido a parte, e será analisado o caso.